Sabemos que a
fotografia é uma forma de expressão e uma forma de comunicação.
Nesta segunda
vertente pode assumir o carácter científico, jornalístico, institucional,
documental, pessoal, publicitário…
E, no campo da
publicidade, muita é a gente que dela vive: agências, modelos, distribuição,
fotógrafos…
Estes são chamados
para, mais de perto controlados pela agência ou com maior pulso livre,
transcreverem para a fotografia todos os aspectos positivos a realçar na campanha
e produto: eficácia, satisfação, qualidade, valor…
São os fotógrafos
chamados, informados sobre o que há a fazer, fazem-no, entregam ao cliente, são
pagos e seguem para outros trabalhos. E se o cliente gostou, chama-nos de novo
em havendo nova campanha.
Esta empresa optou
por uma abordagem completamente diferente.
Não paga a fotógrafos,
não paga a distribuição e, com os argumentos certos, serão uns milhares a fazer
o trabalho da divulgação.
Como?
Tem atrelados
destes em locais estratégicos, umas meninas e uns meninos apelativos, e convida
quem passa a fazer-se fotografar com o seu próprio telemóvel dentro do
atrelado, exibindo o novo catálogo da empresa.
E convida quem
assim faz uma fotografia a publicar na sua rede social, acompanhada das
hashtags que constam escritas numa ardósia, ao lado. E segue, que há mais gente
a querer, se for hora disso.
Não pagam a fotógrafos,
não pagam aos meios de divulgação. Apenas os atrelados, que poderão mais tarde
serem vendidos, aos agentes de marketing que abordam quem passa, a licença
municipal para ocupar a via pública e a viatura de reboque.
Despesas que
teriam sempre que fazer (ou equivalentes), com ou sem fotógrafo profissional e
meios de distribuição.
Eu alinhei! Deixei
que me fotografassem assim, com a minha câmara de bolso.
Por um lado porque
achei curioso não estarem a vender coisa alguma. Em seguida porque queria ver
até onde ia a conversa das agentes no terreno. Por fim, porque o processo me
pareceu ser maquiavélicamente eficaz na contenção de custos e divulgação de
produto.
No final, tive uma
pequena conversa com a chefe do grupo, que se mantinha de parte. Tudo o que
pensara foi confirmado, com uns acréscimos sobre as próximas localizações da
campanha, datas e mais uns trocos.
Claro que não
colocarei os hashtags.
E, claro, não me
vim embora sem trazer um par de olhos, mesmo que feitos com a minha câmara de
bolso.
By me
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