quarta-feira, 30 de março de 2011

Gestões temporais



O tempo é uma tirania. Melhor dizendo, a forma como gerimos o tempo – relógios, calendários, afazeres e compromissos – resulta em tirania, já que nos deixamos levar por eles, deixando de parte coisas importantes como a nossa própria satisfação e prazer.
Fruto desta tirania e da educação que fui tendo, há uma coisa que odeio: chegar atrasado onde quer que seja. Incomoda-me! Chateia-me! Aborrece-me!
Para o evitar, tento gerir o tempo por forma a que tal não suceda, procurando não atribuir a tarefas e compromissos mais tempo que aquele que sei poder cumprir e que não ponham em causa o seguinte.
Assim aqui em casa tenho inúmeros relógios e de vários estilos e tecnologias, de bolso a parede, de corda a electrónicos, até mesmo de areia, faltando-me uma clepsidra e um atómico para que o conjunto fique completo.
Acontece, porém, que esta coisa do mudar a hora legal duas vezes por ano redunda numa trabalheira em os acertar a todos sendo que acaba sempre por escapar este ou aquele e as consequentes discrepâncias temporais.
Um há, no entanto, que faço questão de não acertar. Aquele para onde olho mais vezes ao longo do tempo que estou em casa: o que está na minha mesa de trabalho, mesmo por cima dos computadores.
Talvez que por rebeldia, talvez que por ser do contra, talvez mesmo porque sou enxertado em corno de cabra. Certo é que o sabê-lo ajustado noutra hora (ou não) que a legal, me leva a que, de cada vez que olho para ele, pense realmente no momento temporal em que me encontro e não apenas no quanto tempo passou ou faltará para uma dada circunstância.
Para ser mesmo rigoroso, este relógio deveria mostrar a hora de Inverno menos quase 20 minutos. Para que correspondesse à hora solar – ao meio-dia horário, o sol estar no zénite. Na prática, mantenho-o na hora de Inverno.
Entre todos os outros motivos que possam estar por detrás desta minha atitude, talvez que o principal seja que o que mais me importa, mesmo, é o sol, a luz, e o que ela me permite ou impede de fazer. Enquanto ser Humano e enquanto photógrapho.
Quanto ao resto, lá me vou adaptando, entre as combinações com os demais e a minha própria satisfação.
Manias!

Texto e imagem: by me

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