sexta-feira, 11 de março de 2011
Coisas que se ouvem
De manhã, antes de abandonar o bairro p’ras minhas lides, passo pelo café da rua.
No cimo das escadas, fumando um cigarrito, uma vizinha que, quando me vê, sorri-me e desce em minha direcção.
“Tinha perguntado por si ali dentro e disseram-me que costuma vir mais tarde. Ainda bem que o vejo. Amanhã? Estamos lá?”
O sorriso permanente desta senhora, menos que dez anos mais nova que eu, sempre me surpreendeu, sabendo eu como sei de como decorre a sua vida, em termos materiais, familiares e de saúde. Quem a vê parece-lhe que a vida escorre delicadamente por sobre um mar de rosas…
Com o amanhã, referia-se ela à manifestação, onde fará questão de comparecer, bem como o marido e os dois filhos mais velhos.
Combinámos que talvez nos encontrássemos, mas que melhor fora que não, sinal que estaria cheio de gente.
Já depois do sol-pôr regresso a casa e volto ao mesmo café em busca de pão para o jantar. E, enquanto bebericava um café, conversei com a mocinha que agora ali trabalha. Um dos temas foi o dia de amanhã e se ela lá compareceria.
A resposta foi um não redondo, que estas manifestações não servem para nada e que no fim do dia, além do cansaço, nada de bom traria.
Perante o meu espanto e a minha tentativa meio paternalista de a demover de tal atitude, veio a terreiro a outra senhora que ali trabalha, com uns quarenta anos e que é uma das patroas. Afirmou ela que estará lá, tal como tinha estado em anteriores. Que isto não pode continuar e que há que dar uma volta a este país.
Coisas estranhas que se ouvem aqui na minha rua, desde que se destapem os ouvidos!
Texto e imagem: by me
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