terça-feira, 22 de março de 2011

Equinócio



Acabou o dia. O dia da árvore, o dia da poesia, o primeiro dia da primavera.
Havendo dias para tudo, este está cheio de referências que os homens lhe dão. Bem curioso mesmo é que, de todas as que ouvi e li, nenhuma falava numa ocorrência particular: o Equinócio.
Talvez porque não criada pelo Homem e, como tal, de menor importância. E, no entanto, nem sempre foi assim.
Antes da invenção da poesia, pelo menos da poesia escrita, antes de se descobrir que as árvores podiam ser plantadas e podadas e enxertadas, antes de se perceber o que era a primavera e o que a motivava, já o Homem celebrava o Equinócio.
Que é, traduzido por miúdos, um dia em que a noite iguala em tempo o dia. Aliás, há dois durante o ano: o da Primavera e o do Outono.
E o Homem, sem saber o que era a rotação e a translação da Terra, sem saber o que é a escrita do jeito que a concebemos, tendo uma esperança de vida reduzida em comparação com a actual, soube observar o fenómeno dos dias e das noites e da sua duração.
E considerou-o tão importante, bem como os dias de excepção, que sem ferramentas pesadas, sem mecanismos elaborados, sem engenheiros ou matemáticos, soube erguer monumentos compostos de grandes pedras, algumas vindas bem de longe, e perfeitamente alinhados com os fenómenos solares. Que acontecem apenas duas vezes por ano, no caso dos Equinócios e uma vez cada um dos Solstícios.
Que a civilização tenha chegado onde chegou, não me espanta. Quase qualquer aspecto daquilo que fazemos, usamos ou pensamos hoje é fruto natural da evolução e da partilha dos saberes. Agora que os antepassados, sabendo o “pouco” que sabiam, tenham erguido tais templos, isso sim, deixa-me de boca aberta.
A árvore, a poesia e a Primavera foram celebrados, e bem! Mas o Equinócio, um dos quatro feriados mais antigos da humanidade…


Texto e imagem: by me

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