Depois,
fiquei a olhar para ela e a perguntar-me: “Para que serve?”
E
quando acabei por me recordar da frase, mais que batida e de uma fábrica de
películas “Para mais tarde recordar”, fiquei com uma outra pergunta a
atazanar-me a cabeça:
“Então
se aquilo que me fez guardar algo para recordar era suficientemente importante para
eu ter o cuidado de me não esquecer, não serei eu capaz de guardar isto na
minha própria memória, com tudo o mais que a fotografia não mostra - cheiros,
sons, paladares…?”
Dessa
data para cá fiz muitos milhares de fotografias. Umas porque quis, outras
porque mo pediram. Mas nenhuma delas para mais tarde recordar.
Que,
se a minha memória o não guarda, então não é importante.
As
imagens que produzi neste entretanto foram, acima de tudo, pelo meu prazer de
ser capaz de fazer uma imagem contendo algo que fosse passível de me agradar e,
eventualmente, de agradar a terceiros. E que contivesse uma história, explícita
ou implícita, que eu quisesse que outros a ela acedessem.
Quanto
ao resto, prefiro guardar em mim.
Para
me não esquecer, tenho blocos de apontamentos, escritos com luz ou com tinta:
nomes, endereços, ideias a trabalhar posteriormente… Mas não são fotografias:
são instrumentos de trabalho.
Que
eu sou tudo aquilo que fui. E o que tenha esquecido de pouca monta será.
By me
Sem comentários:
Enviar um comentário