Um
velho compincha de fotografia, que vive no Brasil, disse faz tempo que o
internauta típico lê dez e escreve duas linhas.
Discordo
dele na palavra “linhas”: acho que deveria dizer “palavras”.
Efectivamente,
ainda que a leitura esteja, bem devagar, a mudar do papel para o ecrã, tudo o
que dá trabalho é evitado. Isto inclui temas que, de um modo ou do outro,
obriguem a pensar. Quer se trate de questões sociais, de questões económicas,
de questões políticas, nacionais ou internacionais.
A
esmagadora maioria dos utilizadores da net usa-a (em casa ou na rua) como se
usavam os folhetins radiofónicos, as fotonovelas ou as telenovelas: como forma
de se afastarem de uma realidade caustica e dolorosa, vivendo vidas emprestadas
e que, mesmo sabendo serem ficcionadas, lhes criavam uma sensação de conforto
ao saberem que, ao menos ali, os “maus” eram punidos e os “bons” recompensados,
com aquele fim clássico “e viveram felizes para sempre”.
Vem
isto a propósito de já me terem perguntado porque é que escrevo textos tão
longos. Ou de sensações de frustração por parte de outros internautas,
cronistas ou não, que também usam da palavra escrita em grandes quantidades.
Pouco
posso adiantar sobre as motivações de terceiros, mas posso falar a meu
respeito.
Não
quero convencer ninguém de coisa nenhuma. Entendo que cada um deve chegar às
suas próprias conclusões, ponderando diversos pontos de vista e opiniões. E
aquilo que faço é dar a conhecer a minha opinião. Mais longa ou mais curta,
melhor ou pior escrita ou ilustrada. E há temas sobre os quais duas linhas não
chegam, sequer, para os apresentar.
Uso-as
para cativar o leitor para as seguintes, da mesma forma que uso a fotografia,
que poderá estar em concordância ou em dissonância com o tema, para despertar a
curiosidade sobre o que é dito ou escrito.
Sei,
pelas estatísticas que a net vai fornecendo, que são algumas centenas de
visitantes diários nos diversos “locais” onde vou colocando as minhas
diatribes. Também sei que a esmagadora maioria entra e sai sem grandes
paragens. Não esperava que fosse diferente.
Mas
aqueles que ficam, que têm curiosidade de ir mais longe que as duas primeiras
linhas são os que contam, são aqueles que, de um modo ou do outro, ficam mais
ricos ao conhecerem outras formas de pensar. Tal como eu fico mais rico quando
aprendo outras formas de pensar.
É
para esses – os regulares ou os ocasionais – que vou aqui deixando o que de
fraco penso ou faço.
E
se acontecer que destes algum ou alguns se sintam abalados nos seus dogmas e
que repensem as suas perspectivas sobre o que os cerca – seja qual for o tema
em causa – dou por ganho o dia.
E
a si, que chegou a esta linha, obrigado por ter usado desse tempo comigo.
By me
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