quinta-feira, 8 de maio de 2014

Um livro



Vi este livro numa fotografia feita por alguém a quem dou bons créditos no campo da fotografia. Não falava sobre o conteúdo, mas a imagem dizia-nos que o estava a ler.
Achei piada ao título. Do ponto de vista publicitário achei que é muito bom, mesmo que a humildade seja algo que não consta.
Achei-lhe tanta graça, aliado ao facto de ser sido mostrado por quem foi, que decidi comprá-lo. Desde que o preço fosse comportável, claro. Era.
Mas era algo mais.
Quando mo entregaram na livraria onde por ele perguntei (e onde ouvi “ainda temos”), constatei que na lombada constavam as letras GG, logótipo da editora Gustavo Gili, que me provocaram um sorriso. Ainda estou para ler um livro por eles publicado que não valha a pena fazer. E este é mais um a justificar esta opinião.
Escrito num tom despretensioso, com um tema por página, bem ilustrado com fotografias de bons fotógrafos, prima por estar orientado para quem quer aprender fotografia a partir do zero ou quase, possuidor de uma câmara actual, mais complicada ou não, e sem entrar em profundidades técnicas. Poderia ter como título “fotografia para totós”, sem insultos para ninguém e útil para todos.
Claro que peca por, tendo sido originalmente escrito em inglês, estar traduzido para português do Brasil. Tal como peca por usar o termo “velocidade de obturação”, ao invés de “tempo de obturação”, bem como outras minudências. E peca por algumas das opiniões sobre as imagens mostradas serem um pouco manipuladoras.
Mas ganha por conduzir quem se inicia nestas coisas da fotografia a usar os ajustes da câmara, mesmo os automáticos, na tentativa de criar satisfação no resultado final, deixando para mais tarde o aprofundar as questões muito técnicas.
E ganha, e a muitos outros livros que conheço, por “mandar tentar”, por conduzir o leitor a interpretar imagens e situações, por instigar a pensar no que se faz e na ligação “emocional” entre o fotógrafo e o assunto fotografado.
Não é, seguramente, um livro de aprendizagem perfeito. Com esta classificação só conheço um, que possuo e que já só se encontra em alfarrabistas internacionais: “Photographic seeing”, escrito por Andreas Feininger e editado por Prentice-Hall, New Jersey, em 1973.
Mas é um daqueles que recomendo, apesar do título. Seja qual for o grau de conhecimento que se possua.


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