Eu sei que sou um
fala-barato, tagarela, “bavardeur” em francês.
O que significa
que estou mais que habituado a falar e a fazer chegar a minha voz a quem tem o
azar de me escutar.
Por isso mesmo
fiquei espantado quando, hoje de manhã, tive que falar mais alto ao pedir um
clássico “bica cheia e pastel de nata” num café junto à estação, a caminho do
trabalho.
Não tenho por
hábito lá ir. Prefiro o da minha rua ou, em alternativa, um outro a meio
caminho. Mas sendo domingo e já não tendo saído com grande margem de manobra,
não apenas o ao pé de casa não convinha como o outro está fechado. Usei o plano
C.
Logo à entrada me
senti incomodado, como de costume. O televisor sintonizado num canal de música
emitia-a com o volume demasiado alto para que pudéssemos falar com os nossos
botões. Quase aos berros, em boa verdade.
E a mocinha que me
atendeu não me ouviu. Não que tivesse eu falado baixo, que estava mesmo à minha
frente do outro lado do balcão, mas porque já está ensurdecida do que ouve por
rotina. Suponho que quando ali não está usará do mesmo volume, já que entre o
servir-me e o vir cobrar-me foi usar do seu “stupid phone” quase encostada ao
maldito aparelho mais sonoro que visual.
Não creio que ela,
tal como tantos outros da sua idade, se aperceba dos danos que vão provocando
ao seu sistema auditivo ao usarem de som em tamanho volume. E, o que é tão ou
mais grave, de que forma vão perdendo sensibilidade a certas frequências (ou
sons) deixando de as ouvir ou desfrutar.
Fica o recado para
aqueles que ainda têm a escuta (ou a visão ou o paladar ou o olfacto) por
destruir: cuidem deles, que quem fez esses não fará outros. E não adianta fazer
reset ao sistema!
By me
Sem comentários:
Enviar um comentário