Fotografia
é magia!
E
cuide-se quem o contestar, que terá os espíritos de Nadar, Smith, Adams,
Bresson e outros a assombrar cada disparo e a aluminar cada ida à câmara
escura!
É
a magia do momento decisivo, a magia do congelamento do tempo, a magia da
perpetuação de um olhar, a magia de um raio de luz reflectido num sorriso.
E
é a magia, bem negra, do vermelho sangrento das batalhas, das luzes hipócritas
dos púlpitos políticos, das sombras de manipulações publicitárias.
Mas
é também a magia da aposta pessoal sobre a capacidade de reproduzir algo que se
vê e os sentimentos que lhe estão associados.
Raramente
a pureza do olhar corresponde ao que, mais tarde, se obtém no ecrã ou no papel.
Daí
que se usem múltiplos feitiços intermédios e subtis para dar ênfase aos pós de
Perlimpimpim emanados da objectiva.
Uma
das subtilezas passa pela cor.
Será
que aquilo que vemos e que conseguimos reproduzir corresponde ao subjectivo da
sensação? Raramente!
Existem
poções, elixires, filtros, que podem dar uma mãozinha no sortilégio.
Pequenas
alterações que aquecem ou arrefecem os sentimentos de acordo com o fogo ou o
gelo do momento ou do desejo.
Com
os Photoshop’s e afins não é magia – é tecnologia! Um gesto e o efeito é imediato.
Não há o jogo da aposta, a dúvida do sucesso, o mexer o caldeirão na secreta
esperança de se encontrar a formula magica.
Por
outro lado, o ver neste ecrã onde se lê estas linhas, subverte o bruxedo
inicial. Basta que não esteja afinado, ou que não esteja afinado pelo meu, para
que a poção resulte de outra forma. Vermelho, Verde, Azul (RGB), qualquer
dominante na bola de cristal altera os símbolos cabalísticos.
A
imagem acima é uma montagem do mesmo cenário, feita com a mesma câmara digital
e esta com a calibração de cor fixa em “luz de dia” e exposição automática.
A
da esquerda foi feita sem nenhum artifício ou filtro. As demais filtradas na
tomada de vista pelo filtro referenciado. Nenhum ajuste de cor ou contraste electrónico
foi usado.
A
temperatura de cor no momento era de 4500 kelvin e, para além do “corte”, foram
todas sujeitas ao mesmo efeito visual.
Saberá
alguém dar por ele?
Não
há magias definitivas ou absolutas!
Há
a sensação de triunfo tida pelo fotógrafo realizado e as sentidas pelo
observador anónimo ao se confrontar com o resultado final.
Quando
tudo bate certo, o fotógrafo sente-se muito mais poderoso que Panoramix ou
Merlin!
O
texto e a imagem foram feitos em 2003 ou 2004, não tenho a certeza.
A
câmara usada foi uma Sony Mavica, com o seu registo em disquete de 3 ½ e a sua “magnifica”
resolução de 640 por 480. Está ali guardada, pronta a usar.
Os
filtros referenciados fazem parte do conjunto que possuo ainda e que sempre me
acompanharam na época em que só havia película e em que havia que pensar e
saber antes de fotografar.
Continuo
a concordar com o que aqui consta, vírgulas incluídas.
By me
Sem comentários:
Enviar um comentário