quinta-feira, 22 de maio de 2014

Cruzamentos



A vida é feita de encontros, cruzamentos, prioridades.
Há mesmo uma teoria que diz que num máximo de sete saltos se consegue chegar a qualquer pessoa no planeta, seja ela um anónimo membro do povo Mapuche na Patagónia Chilena, seja ela o presidente de uma qualquer super potência. Alguém, que conhece alguém, que conhece alguém…
As mais das vezes não precisamos disso. O nosso quotidiano e os seus cruzamentos habituais são suficientes para as nossas necessidades.
E um deles, comum à esmagadora maioria dos cidadãos, é o cruzamento na rua.
Duas ruas que se cruzam, uma passadeira de peões, o passeio e a porta de um prédio… a vida está cheia de cruzamentos.
Curioso mesmo, ou triste, é ver como tantos fazem questão de usar das “prioridades” que possuem, não cedendo nem um milímetro a quem consigo se cruza. Se fosse feito um levantamento de comportamentos, seriam os que exigem as prioridades os que fazem por não respeitar as prioridades alheias, exigindo um lugar ao sol que não lhe pertence.
Exemplo comum: passadeira de peões.
Nela presume-se que o peão tenha prioridade, devendo os automóveis parar para que passem. No entanto…
A um cidadão apeado esperar três segundos, quatro que sejam, para que passem dois ou três carros que se aproximam é inconsequente. Que são três ou quatro segundos na vida? Em compensação, o parar para que um peão passe, imobilizando a viatura, obrigando as viaturas atrás a pararem ou abrandarem, o retomar a marcha, engrenando outra velocidade do motor… são bem mais que três ou quatro segundos, dá muito mais trabalho, consome muito mais gasolina…
Faço questão de, em não tendo pressa demasiada e em aproximando-se um, dois ou três carros quando me aproximo de uma passadeira, de me afastar da berma e ceder a passagem. Por vezes mesmo fazendo um gesto explícito com a mão ou braço para que passem.
Estes três ou quatro segundos que “perco” na vida são largamente compensados pelo saber que, de um modo ou de outro, ajudei alguém a ter um dia mais fácil. Será pouquinho, p’la certa, mas muitos pouquinhos dados e recebidos fazem um dia cheio, mais sorridente e feliz. Para quem dá e para quem recebe.

Como tudo o mais, é uma questão de saber usar de prioridades nos cruzamentos. A nossa e a dos outros.

By me

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