sábado, 10 de maio de 2014

50mm



Confrontados com o fazer de uma fotografia, no campo técnico há sempre duas abordagens possíveis: “Eu preciso de “….” para fazer isto!” e “Como é que posso fazer isto com o que tenho?”
A abordagem generalizada é a primeira. A sociedade de consumo em que vivemos instiga-nos a ter, ter, ter, sempre como o argumento que isto ou aquilo nos permite viver melhor, com menos esforço e com mais status. Uma objectiva rápida, de grande recorte, processador na câmara rápido e com excelentes algoritmos, um sensor fiável e rigoroso… E depois outra objectiva, mais potente ou de maior ângulo, e mais “aquele flash”, e o tripé certo para aquela situação…
Na prática o que acaba por acontecer é que o carrego é enorme e a preocupação com a opção técnica é tão grande que o resultado será tecnicamente certo mas…
A segunda opção é mais criativa. Confrontados com uma dada situação, encontrar a solução adequada ou satisfatória com a objectiva que se tem no local, a câmara que trazemos, o jogar com a luz disponível, nossa ou existente… este encontrar soluções redunda, do meu ponto de vista, bem mais satisfatório no acto de fotografar que a grande preocupação sobre a parafernália disponível.
Faço questão de levar alunos ou formandos a este “estádio”: sugiro-lhes que se limitem a uma objectiva fixa ou, em alternativa, que se limitem a um dado ângulo de campo da sua zoom. E se o assunto não cabe, afastam-se ou mostram-no truncado ou se o assunto fica pequeno aproximam-se ou ajustam o espaço do enquadramento por forma a evidenciá-lo mesmo desse tamanho. Perspectiva e composição!
Claro que a zoom é muito mais prática, uma é mais leve que diversas objectivas e… e torna-nos preguiçosos! Mental e fisicamente.
Eis uma brincadeira feita com uma velhérrima 50mm Pentax SMC (35 anos nas minhas mãos), montada numa Pentax K7, segura apenas com uma mão, enquanto a outra segurava o caule da flor por causa do vento, feita a meia distância entre minha casa e o supermercado onde me vou abastecer.

Mais para quê? Foi com o que saí de casa e seria com isso que o faria, melhor ou pior.

By me 

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