Levantara-me eu
cedo. Bem cedo, pouco passava das seis da manhã.
Por objectivo
tinha o ir fazer algo que já na véspera não havia feito e que me falta para
alimentar a alma: ver acordar a cidade. Na sua impossibilidade, ver acordar um
bairro.
Queria eu ir para
Lisboa e estar por lá, vendo e fotografando, o abrir de lojas, as primeiras
pessoas na rua, o sol rompendo por entre fachadas e ramagens…
Saíram-me as
contas furadas.
Em indo olhar as
imagens do cartão que tenho na câmara, dei com uma fotografia de que quase me
esquecia de usar. E tratei de em torno dela escrever, recuperando o que na
altura havia sentido, com uns pozinhos extra do momento.
Depois, em vendo o
que havia on-line, dei comigo a sentir urgência em escrever em torno de uma
fotografia, desta feita a pedido. E se escrever de dentro para fora depende do
que nos vai na alma, escrever sobre o trabalho de terceiros é de muito maior
responsabilidade, obrigando-nos e ponderar cada conceito, cada palavra.
Quando dei por
mim, feito o que havia de ser feito, o tempo escoara-se como água entre os
dedos. Foi um tomar banho de fugida, enfiar a farpela e sair, que o pegar ao
trabalho tem hora certa e nem se preocupa com os meus prazeres ou necessidades.
Mas, e a caminho
da estação, sentia que me faltava algo. Talvez que um trivial café e pastel de
nata, e fui por eles em trânsito.
A mocinha que me
atendeu, ao colocar o pastel de nata no balcão, inquiriu-me solícita:
“Quer canela?”
“Obrigado, mas não.”
respondi. E acrescentei:
“Não me diga que é
obrigatório?!”
O seu sorrir
detrás daquele balcão suburbano, entre bicas e pasteis de nata (que o álcool,
ali, só se vende depois das onze da manhã) era o que me faltava.
Enfrentar as
agruras e obrigatoriedades do quotidiano levando um sorriso no bolso é do
melhor que posso desejar.
E é gratuito!
By me
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