Estávamos
sentados lado a lado, cada um preocupado com os seus afazeres. Pensava eu.
A
certa altura a indiscrição da tecnologia permitiu-nos ver uma figura grada, de
alto nível salarial e que ainda não atingiu os cinquentas, a atender uma
chamada telefónica.
O
comentário que ouvi a meu lado deixou-me siderado:
“Eh
pah! Nem tem I-phone nem nada!”
Não
adiantaria explicar-lhe, que talvez o seu menos de quarto de século não lhe
permitisse entender, que há pessoas para quem o mais importante não é ter mas
antes ser ou fazer. Que mais importante que possuir aquilo que qualquer um em
tendo dinheiro pode ter, é ser-se capaz de fazer e sentir-se realizado com isso.
E
que quando a realização pessoal de alguém passa por possuir aquilo que um
engenheiro inteligente concebeu e um especialista de marketing esperto vendeu,
mais não se é que mais uma vítima do consumismo, anónimo e amorfo.
Acredito
que serão estas pessoas que farão fila de madrugada para receberem o ainda
semi-ficção chip implantado, com micro, câmara, gps e uns trocos. Daqueles que
não se desligam e que transmitem não se sabe para onde.
By me
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