Na
sua relação com o universo e a vida, o Homem quantificou. E inventou os números.
Romanos,
árabes, hindus, maias, seja qual for a numeração, foi uma necessidade básica
inicial à cultura humana.
Mas,
também necessitou de organizar essa sua relação com o universo e consequente quantificação.
E criou três ordens de grandeza para o entender: a massa, o tempo e o espaço.
Claro
que, com o evoluir da civilização, muitas outras formas de pensar e organizar o
universo foram criadas: energia, volume, frequência, velocidade… Mas, de alguma
forma, todas elas se relacionam com as primeiras: massa tempo, espaço.
E
todos nós sabemos medir o tempo, e as distâncias, e os pesos.
Ao
que parece, o sistema de medição mais antigo ainda em vigor é também o mais
complexo: o sexagesimal. Segundos e minutos, tal como ângulos. Julgo saber que
a sua origem é na antiga Suméria e basear-se-á na contagem das falanges de cada
dedo de uma mão com o polegar, que resulta em doze, e na contagem dos dedos da
outra mão, com o valor de uma dúzia cada um. Um total de sessenta.
Complexo,
naturalmente.
A
partir das quantidades de tempo mais pequenas – segundos e minutos – a coisa
muda de unidades e sistema, usando o nosso próprio sol como referência: Dias,
fases lunares, anos…
A
contagem do tempo é, talvez, a mais complexa que inventámos, mas da qual
dependemos e para a qual criámos belos mecanismos para nos auxiliar: relógios.
Mecânicos, de sol, de água ou areia… ficamos extasiados a olhar o seu
funcionamento.
Mas
as outras bases do nosso relacionamento com o universo são bem mais fáceis de
contabilizar: massa e espaço.
Baseiam-se
no sistema decimal que, ao que julgo saber, provém da cultura hindu. Esta organização
das quantidades por classes simplificou as contagens, tanto do muito grande
como do muito pequeno. E, a juntar a isso, o nosso próprio corpo ajuda na
aprendizagem, já que as duas mãos têm dez dedos.
Para
ajudar, acrescentámos alguns prefixos que já de si definem quantidades ou
escalas: micro, mili, quilo, giga… Lidamos com o milímetro e o quilómetro todos
os dias. Tal como com o quilograma.
Temos
assim que as unidades inventadas e com as quais medimos o universo, na sua
imensidão ou o nosso quotidiano, são o segundo, o metro e o grama.
Repare-se
agora uma curiosidade na última frase escrita: o artigo definido masculino “O”
que antecede qualquer uma das três. Efectivamente, ainda que digamos “as”
unidades, elas são em língua portuguesa do género masculino.
E
isto inclui a unidade de massa: grama. Diz-se o grama quando queremos referir
pesos. Tal como dizemos o quilograma.
Já
“A” grama é outra coisa.
Conhecemos
a grama como um tipo de relva, que pertence à família das gramíneas, 668 géneros
e 10035 espécies. E se pisamos, ou não, algumas gramas no jardim, já não
pisamos outras, que nos são igualmente conhecidas e importantes, como o trigo
ou o arroz, que pertencem à mesma família.
Não,
eu não sei isto tudo de cor. Fui dar uma olhada onde o conhecimento está.
O
que eu sei, realmente, é que “O” grama é unidade de massa ou peso e que “A”
grama é um vegetal que pisamos ou comemos.
Fica
o recado para o comum dos mortais e para aqueles que se entendem como de tudo
sabedores e que escrevem ou dizem nos jornais materiais ou virtuais. Que quando
pedimos fiambre dizemos “Pese-me aí UNS cento e vinte e cinco gramas” e quando
relatamos apreensões de droga são encontradas OITOCENTOS gramas de produto. Já
no jardim poderá ler-se “Não pise A grama”.
Se
os nossos escrevinhadores à peça, quais jornaleiros à jorna, soubessem tanto de
coisas básicas, como dizem saber de coisas elaboradas e transcendentes como de
política e economia…
By me
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