Cá
em casa o pão quer-se fresco. O que é uma contradição, se pensarmos que, na
realidade, quer-se é quentinho, acabado de fazer. Pelo menos depois de se
gastar o que por cá em casa haja.
Por
isso, e em podendo, regulo as horas a que vou buscá-lo pelas horas a que sei
que sai a fornada aqui no café da rua.
Fui
por ele na hora do costume, seis e tal da tarde. Ainda não tinha saído. “Mais
dez minutos”, disseram-me. E quedei-me, que a pressa não era grande, mas a gula
sim.
Enquanto
isso, quatro catraios estavam de volta da arca dos gelados. Uma com uns dez
anitos, duas outras talvez com sete ou oito e um quarto com uns cinco.
Quando
voltaram para o balcão mais a empregada, três gelados. Dos mais baratinhos. E o
mais pequeno choramingava. Em contando as moedas em cima do vidro do balcão,
todas pretas, diz a mais velha para o petiz: “Cala-te! Não vez que não há
dinheiro que chegue?”
E
cada um dos três mais velhos já a chupar o seu gelado de trinta cêntimos cada
um.
Chamei
a mocinha do café, depois de ter registado e guardado a venda, e perguntei-lhe
se o pequenito não ia levar um gelado. “Não”, foi o significado do seu abanar
de cabeça.
“Vai
sim!” afirmei. “Vá lá com ele e escolha-lhe um que ele queira.” E foi.
Ainda
bebi um café antes de o pão sair do forno e ser-me entregue. E, quando cruzava
a porta, já com o negócio concluído, o “obrigado” que ela me disse compensou o
que não ouvi aquando da saída da pequenada.
O
pão, esse, ainda se aguentou inteiro o tempo de ser fotografado, mas rapidamente
uma fatia recebeu manteiga e, pimba!, deglutido.
Que
também eu sou guloso!
By me
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