Se a torneira de
luz continuar seca, o tanque de sombra continuará a encher, a ponto de nos
afogarmos na escuridão.
Quando morrer eu,
que é uma das poucas certezas que tenho, espero que seja na luz, jogando com ela
e com as sombras, estas e as outras.
Um pouco à imagem
de Mestre Benjamim, patrão de uma traineira registada no Algarve e que me fez o
favor, há muitos anos, de me ter como companhia na companha que saía à pesca
nas noites cálidas de verão.
Dizia ele que
gostaria de morrer agarrado ao leme, a coisa que mais gostava de fazer.
De alguma forma a
fortuna sorriu-lhe: estava a olhar para o sonar, em busca do cardume que haveriam
de apanhar, quando sofreu o ataque de coração. Ficou-se ali mesmo, a menos de
um metro da roda do leme.
By me
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