Há
uns dias li um artigo num jornal em que um português, de 26 anos, pedia ajuda
para terminar o seu doutoramento.
O
pedido de ajuda surgia do facto de uma entidade (FCT) ter recusado dar-lhe a
bolsa de estudo que pedia.
O
montante em causa é de 6000 euros e o método de ajuda é usando o croudfunding.
Está na moda este método. Cada cidadão que queira ajudar contribui com um
montante à sua medida, mesmo que pequeno e, no final do projecto, haverá algo
em retorno. No caso, uma referência na lista de agradecimentos.
Achei
que a questão merecia um pouco mais de atenção da minha parte. Afinal, trata-se
de alguém que quer aprender e cujos resultados do seu saber de algum modo podem
melhorar toda a sociedade. Fui pesquisar.
Acabei
por encontrar algo de mais pessoal de quem assim pedia ajuda. E não gostei
muito. Por aquilo que diz, por aquilo de que gosta, pelas escolhas que tem
feito, encontra-se do outro lado da barricada social ou, se preferirem, o seu
ideal de sociedade está em total ou quase antagonismo daquilo que eu mesmo
considero aceitável. Para não dizer ideal.
Acabei
por arrepiar caminho nas minhas boas intenções em o ajudar.
Numa
época em a humanidade se fracciona entre os que estão bem na vida, uns poucos,
e os que lutam para conseguir apenas sobreviver, a esmagadora maioria, não
tenho grande vontade de ajudar alguém que defende a manutenção ou intensificação
do actual status.
Indo
um pouco mais longe: “Fazer o bem sem olhar a quem” é bonito e recomenda-se. Mas
não me apetece dar a pouca ajuda que posso a alguém que, e presumivelmente,
amanhã tentará deitar por terra aquilo porque luto hoje.
Os
projectos “croudfunding” são interessantes no seu conceito: muitos, com pouco,
podem ajudar muito. Não apenas em dinheiro, entenda-se, mas no todo da vida.
Que são muitas migalhas que fazem o pão.
Mas
investir hoje naquilo ou em alguém que me irá prejudicar amanhã é burrice.
Guardei
o pouco que posso dispor para situações semelhantes em o que ou quem, no mínimo,
eu entenda que merece mesmo.
Byme
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