Eu sei que os
tempos estão beras. Maus mesmo.
Mas há coisas que
me cortam o coração!
O fechar de um comércio
é mau em todos os sentidos: na vida económica do país, na vida económica dos
seus empregados e donos, nos sonhos de quem o construiu. E não nos enganemos: não
ter sonhos ou vê-los ruir é quase tão mau quanto o não comer. É só quase, mas é!
Mas há dois tipos
de comércio que me incomodam um pouco mais em fechando: lojas de livros e lojas
de fotografia!
Não apenas por
serem comércios que fecham, não apenas porque há gente que perde o seu
sustento, não apenas porque há quem perca os seus sonhos. É que também eu, em
fechando uma delas, perco um pouco dos meus próprios sonhos. No que sonho e
aprendo ao ler, no que sonho e aprendo ao fotografar.
Esta já foi uma
das de referência em Lisboa. Na qualidade do seu trabalho de laboratório, na
qualidade e raridade de alguns artigos que vendia, no saber de quem estava atrás
do balcão.
Não fica nas
minhas rotas pedestres (av. Da Liberdade) e faz tempo que aqui não passava. Da última
vez já estava reduzida a laboratório, que equipamento e acessórios já pouco
tinha.
Agora vejo-a
assim.
Com ela é um pouco
de mim que se vai. E, infelizmente, não vejo outras a nascer que a substituam.
Inexoravelmente,
as crises vão acabando com os sonhos.
Se nós deixarmos!
By me
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