O mediatismo e o politicamente
correcto levam a que as visões se uniformizem, sobrando os gritos, as
fogueiras, as palavras de ordem e as forças da ordem.
Esta é uma outra
visão!
Apita o comboio, apita…
E, cada um que
passava, apitava.
Notória, esta
manifestação em trabalho!
Alguns aproveitam as multidões para fazer passar as doutrinas assim, olhos nos olhos, com a emoção de quem realmente acredita no que diz.
Os nossos bons costumes impediram que no balão estivesse o que nos vai na alma.
A sede acontecia dos
dois lados da barricada, cuja grade cedo foi derrubada. Apenas que só alguns
daqui podiam beber. Aos outros, foi-lhes trazido por um dos seus camaradas umas
garrafas que guardaram num dos bolsos descaídos das calças.
Quando os avisei
para depois não dizerem que aquelas foram atiradas pelos manifestantes, não
sorriram.
De prontidão e,
suponho, com sabedoria para os usar. Vontade, não vi, pelo menos nas filas da
frente. Mas os cães (os de quatro e de duas patas) lá atrás, não deixariam que
houvesse hesitações.
Afinal… tanta
confusão com os milhões da troika, quando a entrada é grátis.
Outros aproveitam
as multidões para fazer passar as suas doutrinas assim, olhos na câmara, com a
tranquilidade de quem está habituado ao mediatismo.
Uma linha, duas
linhas, várias linhas de defesa. Mais tarde, caramba, não havia espaço para fotografar
entre eles.
Alguns de nós,
portugueses, estávamos lá! Mas disse-me um dos dos escudos, em surdina que não
poderia confraternizar com o outro lado da barricada, que daria o salário de um
mês para ali não estar. Mas tem um filho em casa…
Atrás da viseira,
os seus olhos confirmavam o que a boca fazia saber!
Foi uma festa, pá!
E ainda que houvesse sol, fogueira p’rás castanhas e olhares de parte a parte,
ninguém quebrou as fileiras nem convidou para dançar.
Fora do contexto,
ou talvez não!
Com o fim do dia,
arrefeceu o ar e arrefeceram os ânimos. A dama foi-se, o sol foi-se, os civis
também e, suponho, que estes também recolheram à caserna.
Byme
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