Em Belém, Lisboa,
entre o Monumento aos Descobrimentos e o Museu da Electricidade, há uma estação
fluvial.
Liga ela a margem
norte, Lisboa, com a margem sul, Porto Brandão e Trafaria.
Estando eu nas
imediações e necessitando de recorrer a um sanitário, lembrei-me do lugar e fui.
Caramba!
Não querendo eu
embarcar, acabei por fazer uma viagem no tempo. Uns quarenta anos, pelo menos.
É que, tirando
algumas modernices como torniquetes para passageiros e máquinas automáticas
para bilhetes, bem como caixilhos de alumínio nas janelas e outras minudências,
o diabo da estação está como a sempre conheci.
E, olhando para
estes bancos de madeira, puídos de muitos rabos e costas, consigo imaginá-los
repletos de gente, eles de chapéu preto, elas de lenço, cestos de vime com
tampa, sacos de pano e corda, alguma criação, vento e chuva lá fora escorrendo
nas vidraças, o apito do aviso de atracagem… O que estes bancos e paredes
teriam para contar, se alguém os questionasse!
Espero que os
ataques de modernidade, conjugados com as crises, reais ou não, mantenham esta
estação incólume. E que, mesmo que se chegue ao ponto de suprimir o tráfego
fluvial nesta linha, que a estação seja mantida para memória dos vindouros. Que
os alumínios e os plásticos são bonitos mas terraplanadores do passado.
By me
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