Viver num prédio
bem grande (a que alguns chamam de megatério, vá-se lá saber porquê) tem destas
coisas: não conhecer ou pensar que se não conhecem aqueles que são nossos
vizinhos.
Já tinha tropeçado
nela umas boas dezenas de vezes: no elevador, à entrada ou saída do prédio, no
café a comprarmos pão… vizinhos com trocas de palavras ou sorrisos ocasionais e
de circunstância. De idade próxima da minha, muito bem apresentada ou produzida,
o seu sorriso é uma constante.
Uns destes dias tínhamos
ambos uns minutos de reserva que nos permitiu ir além do trivial. E, a propósito
do tempo e da chuva, veio a fotografia à baila.
Bailando daqui,
dançando dacoli, acabámos por constatar que em tempos recuados partilhámos
conhecimentos no campo da fotografia e da moda: eu atrás da câmara, ela à
frente dela e de uma indústria do ramo. De uma forma ou de outra, trabalháramos
com os mesmos produtores de publicidade.
Os tempos passam,
as oportunidades, reveses e vontades também, e ambos deixáramos o meio. Suponho
que, no seu caso, terá sido por questões de sucesso empresarial. No meu foi por
acabar por recusar o mundo cão e hiper-competitivo que a publicidade em geral e
a da moda em particular são. O que gosto de fazer não o quero por obrigação.
No final destes
poucos mas saudosistas minutos remata ela que no final de cada dia agradece por
ter lá ter chegado.
Não sei, mas também
não questionei, o que se terá passado para que o agradecimento seja uma “obrigação”.
Por mim, no início
de cada dia, agradeço aos deuses d’aquém e d’além universo a luz que tenho e
desejo a oportunidade de dela tirar partido.
Que, do meu ponto
de vista, de pouco serve agradecer o que quer que seja se nada fizermos para o
merecer.
Na photographia e
na vida!
By me
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