Entrou ontem em
vigor, aqui na vizinha Espanha, uma nova lei. De acordo com o que pude saber,
destina-se a combater a fuga ao fisco.
Determina ela que
todas as transacções de valor superior a 2.500 euros deixarão de poder ser
efectuadas em dinheiro vivo, passando a ser obrigatório o uso de cheques,
transferências bancárias, cartão de débito ou cartão de crédito.
Os infractores
incorrerão numa multa percentual ao valor da infracção, sendo que se um deles
denunciar a situação, num prazo de 3 meses, ficará isento da multa, recaindo a
sua totalidade sobre o outro, não importando quem é o vendedor ou o comprador.
Dir-me-ão, talvez,
que esta medida em pouco nos afecta, já que é para lá da fronteira. Não penso
assim, já que nestas coisas basta que alguém tenha uma ideia com os contornos
que a seguir descreverei para que logo outros - ou muitos outros - sigam as
pegadas. E em breve, suspeito, por cá haverá algo de parecido.
Dir-me-ão também
que isto é de pouco importância. Afinal, que mal tem? 2.500 euros é muito
dinheiro e a grande maioria dos Portugueses (talvez que também Espanhóis) nunca
viram ou verão tanto dinheiro em notas e moedas. Verdade. Para muitos, este
valor corresponde a meio ano de salário, alguns quase um ano inteiro de
rendimentos. Donde, poucas serão as transacções envolvendo cidadãos na sua
condição de contribuintes singulares que atinjam tal montante.
A questão, do meu
ponto de vista, não é “montantes” mas antes “princípios”!
Porque é que para haver
um negócio entre duas entidades, individuais, empresariais ou o que quer que
seja, tem que estar envolvida uma terceira entidade, particular, de seu nome “banco”?
Porque é que tenho
que ter conta bancária?
Porque é que tenho
que pagar a uma entidade particular pelo simples facto de possuir dinheiro?
Os bancos são negócios
particulares cujo objectivo é ganhar dinheiro com o dinheiro dos outros. Não
quero pôr em causa a sua utilidade na sociedade actual. Entendo que estarão
eles na raiz da grande maioria dos sérios problemas dos últimos dois séculos,
mas essa é outra discussão.
A questão
primordial é: porque é que o estado (todos nós) me pode obrigar a negociar com
alguém, dando-lhe lucro? Queira-o eu ou não!
Não creio que esta
obrigatoriedade se enquadre numa sociedade dita democrática e de direito.
Claro que se pode
argumentar que as actuais democracias de direito e ocidentais não o são de
facto. Trata-se antes de ditaduras em que o poder não é definido através de
eleições, como geralmente se supõe, mas antes através da circulação de dinheiro,
gerido por entidades sem cara ou nome.
Mas será que nos
podem obrigar a envolver terceiros nas nossas vidas privadas?
Fica o aviso do
que, em breve, pode acontecer por cá;
Fica o alerta
sobre os conceitos que temos por certos e que, eventualmente, estão errados;
E fica a sugestão
para que se pense no assunto, pelo menos até que se volte a ser chamado a votar
em alguém: fará sentido votar sempre nos mesmos - ou mesmo abster-se - ou fará
sentido votar em quem não defenda uma sociedade totalitária, mesmo que gerida
por bancos?
By me
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