terça-feira, 20 de novembro de 2012

Raismapartam!




Lá em cima, um céu cinzento, pesado, a ameaçar uma chuvada já prevista.
Cá em baixo, de um lado uma garbosa estação de caminho de ferro, já quase ícone citadino. Do outro um centro comercial, já engalanado para atrair, quais borboletas em torno da lâmpada, o incautos que irão comprar inutilidades porque é a época delas.
Entre uma e outra, a velhinha, quase com idade para ser minha avó, continua a pedir. Mal se percebe o que diz, para alem de “comer”, mas o olhar com que me olhou e a forma como me segurou as mãos não deixavam mentir.
Ia eu gastar numa bica o preço de ocupar uma mesa para escrever. Não me apeteceu. O que trazia na cabeça desapareceu, como que por magia, com o olhar dela.
Pensei em regressar e pedir-lhe para fazer uma fotografia. Mas, raismapartam se o fiz!
Que não sei se teria coragem para tal futilidade. Mas também porque a velhinha já lá não estava.
Uma urbana carrinha da PSP surgiu entretanto e devem tê-la ou enxotado ou assustado, que desapareceu. Não fica bem aquela figura em frente a um templo do consumismo. Mesmo que pouco haja para gastar!
Raios nos partam a todos, que deixamos que o fim de uma vida seja assim!

By me

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