Lá em cima, um céu
cinzento, pesado, a ameaçar uma chuvada já prevista.
Cá em baixo, de um
lado uma garbosa estação de caminho de ferro, já quase ícone citadino. Do outro
um centro comercial, já engalanado para atrair, quais borboletas em torno da
lâmpada, o incautos que irão comprar inutilidades porque é a época delas.
Entre uma e outra,
a velhinha, quase com idade para ser minha avó, continua a pedir. Mal se
percebe o que diz, para alem de “comer”, mas o olhar com que me olhou e a forma
como me segurou as mãos não deixavam mentir.
Ia eu gastar numa
bica o preço de ocupar uma mesa para escrever. Não me apeteceu. O que trazia na
cabeça desapareceu, como que por magia, com o olhar dela.
Pensei em
regressar e pedir-lhe para fazer uma fotografia. Mas, raismapartam se o fiz!
Que não sei se
teria coragem para tal futilidade. Mas também porque a velhinha já lá não
estava.
Uma urbana
carrinha da PSP surgiu entretanto e devem tê-la ou enxotado ou assustado, que
desapareceu. Não fica bem aquela figura em frente a um templo do consumismo.
Mesmo que pouco haja para gastar!
Raios nos partam a
todos, que deixamos que o fim de uma vida seja assim!
By me
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