Disse-me um dia
alguém que “Um fotógrafo é um taxidermista do tempo.”
A frase é
interessante, bonita e tenho-a usado amiúde.
Mas eu prefiro
dizer que um fotógrafo é um retalhador do planeta, um coleccionador de fragmentos
que ele mesmo produz, com os quais, eventualmente, constrói o seu próprio mundo
à luz dos seus próprios conceitos de belo e feio.
Na verdade, o
universo está sempre aí, imutável na sua transformação constante, mostrando-nos
tudo ao mesmo tempo: de belo e de horripilante.
Aquilo que
fazemos, nós com a nossa voracidade de coleccionar o que não podemos possuir, é
ter o obturador da alma aberto em permanência, na secreta esperança que através
dele passe um pedaço que valha a pena guardar.
A câmara fotográfica
é quase que como uma armadilha de pássaros, daquelas de caixa, pauzinhos, fio e
sementes ou formigas d’asa. Nós apenas temos que esperar ouvir a caixa cair,
sentados à distância a comer uma maçã roubada no pomar mais próximo.
By me
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