Tropeço no “estatuto editorial” do jornal “correio da manhã”. Leio-o porque entendo como interessante saber quais as regras de base, ou as motivações, que norteiam quem neste jornal trabalha e publica.
O texto, que não é grande e está na edição on-line de hoje, tem um dos seus parágrafos composto da seguinte afirmação:
“O Correio da Manhã cultiva o jornalismo de investigação, para o necessário escrutínio da vida pública e como forma de controlo pelos cidadãos contra eventuais abusos de poder, autoridade ou posição dominante.”
Fico assim ciente que uma entidade privada cujo objectivo é lucrar com a sua actividade assume o papel de fiscalizadora, em nome dos cidadãos, da actividade pública.
O tal “quarto poder” das sociedades ocidentais, que não é democrático porque não está sujeito a escrutínio por parte dos cidadãos. Que, por muito independente que se assuma, nunca divulgará temas que possam por em causa a sua actividade comercial ou em risco o lucro da sua actividade empresarial. Do jornal ou do grupo ou pessoas que o possuam.
O “quarto poder” é perigoso. Não pode ser destituído pelos cidadãos, não pode ser fiscalizado pelos cidadãos e pesa quase tanto, senão mais, que os outros três por junto.
Anteontem disse-me uma licenciada em psicologia que havia estudado o efeito dos media na sociedade. Ontem soube que um aluno do 8º ano tinha tido, na disciplina de português, um estudo sobre as diferenças entre “notícia”, “reportagem” e “publicidade”.
Tão importante quanto o sabermos escolher, aquando de eleições, quem governará o país, é sabermos diferenciar o bom do mau trabalho jornalístico e saber diferenciar quando ele está ao serviço de entidades privadas ou ao serviço dos cidadãos.
Que o “Quem, como, onde, quando e porquê” não pode estar condicionado pelo “Quanto”, que é a mola propulsora das empresas privadas de comunicação.
Sejam elas jornais, rádios, televisões ou sites web!
By me
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