quinta-feira, 28 de junho de 2012

A língua e o mercúrio




Tem-se falado, nos últimos dias, em como os termómetros subiram em flecha e caíram a pique.
Cá por mim não me queixo!
Para já, os meus termómetros estão, regra geral, guardados em locais de onde não podem cair.
Depois, estão dentro de caixas onde, mesmo que caiam, ficarão protegidos de alguma violência implícita.
Como se tudo isso não bastasse, tenho o cuidado de possuir termómetros robustos, capazes de resistir a algum tratamento menos condigno a um aparelho de medida de algum rigor.
Como é o caso deste, velho companheiro de, talvez, trinta anos, fiel medidor de temperaturas de líquidos, operação imprescindível para quem trabalha com químicos de fotografia.
Que, e para quem não saiba, não é o mesmo revelar a 20º ou 22º, nem se recomenda que a amplitude térmica entre químicos sucessivos seja maior que um grau e meio. O reticulado resultante, quer na emulsão propriamente dita quer, e se formos mesmo exagerados, na superfície de suporte pode dar um efeito com graça mas não é o que se pretende na esmagadora maioria dos casos.
Quanto ao resto, e se formos tão rigorosos com a língua quanto com as temperaturas, o que sobe ou desce não são os termómetros. Será o mercúrio neles contido e se este estiver na vertical.
Isto presumindo que falamos de termómetros de mercúrio, agora em desuso. Que nos termómetros de máxima e mínima será mercúrio e álcool e nos electrónicos será resistividade.
Em termos de linguagem comum, até podem dizer que as batatas fritas atingiram um valor de 26º.  Que o que importa é que nos entendamos. Agora se vamos ser rigorosos – como a fotografia pode impor – ou se vamos usar as temperaturas como justificação ou explicação para outros fenómenos, então convém que saibamos de que estamos a falar e usemos os termos correctos.
Por mim, e apesar da “queda da temperatura”, não foi o seu barulho que me incomodou e dormi bem esta noite.

By me

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