Quando tenho uma
ideia para concretizar e não encontro saída para ela, costumo usar de um entre
vários truques: vou para um restaurante, sozinho, com o bloco de apontamentos
ao lado e deixo que a comida faça efeito sobre o cérebro. Em regra, funciona.
Não desta vez!
Tenho um assunto longo para escrever e ilustrar, sei o que quero dizer e
mostrar, mas ainda não descortinei o como. E fui para o fast-food aqui do sítio.
Não será a melhor opção gastronómica mas, dadas as condições climatéricas,
permite comer na esplanada e, se tudo corresse como eu queria, poderia
continuar escrevendo e fumando sem sair do lugar.
Não foi o caso,
infelizmente. Creio que o calor terá sobreaquecido algum neurónio e as coisas não
funcionaram.
Deixei, então, que
a mente vogasse para onde queria. E constatei que, afinal, este país é como
qualquer outro, igualzinho no seu melhor e no seu pior, sem tirar nem pôr. Que até
aquilo que eu receava que acontecesse, por hábito, não estava a acontecer. Talvez
por ser noite de meio da semana, com muito calor e alguma coisa tivesse mudado.
Ou talvez efeitos da Troika. Ou da austeridade. Ou da selecção. Ou de alguma
evolução positiva que os meus concidadãos estivessem a ter e que eu ainda não
tivesse dado conta.
Mas não. Ao fim de
um pedaço, o chicoespertismo luso manifestou-se no seu melhor. E, apesar de
haver mais lugares vagos, estes dois, reservados para portadores de deficiência,
foram ocupados da forma que se vê, sem que nenhum dos elementos das familórias
saloias de deles saíram manifestasse qualquer constrangimento. Nenhum não é
verdade. Uma petiza, aí dos seus sete ou oitos anitos, ainda protestou junto do
seu pai e motorista, dizendo aquilo que a evidencia mostrava: havia lugares
vagos e não reservados mais à frente. Inconsequente. “Não percebes nada disso!”
foi a resposta paterna.
Afinal, apesar de
andarmos na boca do mundo por bons e maus motivos, não aprendemos nada com
elas.
E continuamos a
ter deficientes mentais ao volante a ocuparem lugares de deficientes físicos.
Serviu, no entanto,
este episódio lamentável para constatar que a minha câmarizita de bolso, apesar
de serem quase dez da noite e de ter que ser apoiada num pilar, mesmo a 1600
faz alguma coisa que se veja.
By me
1 comentário:
Discordo consigo. Os carros estão bem estacionados e nos locais adequados! O que lhes falta é o dístico de condutor portador de deficiência. Como disse e muitíssimo bem, a deficiência é mental e pelo que se percebe, em estado bastante avançado, provado pela reacção ao comentário sensato da criança, mentalmente sã mas em risco de deixar de o ser graças ao comportamento do progenitor.
Mais palavras para quê?!
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