quarta-feira, 27 de junho de 2012

Nada de novo, em terras lusas




Quando tenho uma ideia para concretizar e não encontro saída para ela, costumo usar de um entre vários truques: vou para um restaurante, sozinho, com o bloco de apontamentos ao lado e deixo que a comida faça efeito sobre o cérebro. Em regra, funciona.
Não desta vez! Tenho um assunto longo para escrever e ilustrar, sei o que quero dizer e mostrar, mas ainda não descortinei o como. E fui para o fast-food aqui do sítio. Não será a melhor opção gastronómica mas, dadas as condições climatéricas, permite comer na esplanada e, se tudo corresse como eu queria, poderia continuar escrevendo e fumando sem sair do lugar.
Não foi o caso, infelizmente. Creio que o calor terá sobreaquecido algum neurónio e as coisas não funcionaram.
Deixei, então, que a mente vogasse para onde queria. E constatei que, afinal, este país é como qualquer outro, igualzinho no seu melhor e no seu pior, sem tirar nem pôr. Que até aquilo que eu receava que acontecesse, por hábito, não estava a acontecer. Talvez por ser noite de meio da semana, com muito calor e alguma coisa tivesse mudado. Ou talvez efeitos da Troika. Ou da austeridade. Ou da selecção. Ou de alguma evolução positiva que os meus concidadãos estivessem a ter e que eu ainda não tivesse dado conta.
Mas não. Ao fim de um pedaço, o chicoespertismo luso manifestou-se no seu melhor. E, apesar de haver mais lugares vagos, estes dois, reservados para portadores de deficiência, foram ocupados da forma que se vê, sem que nenhum dos elementos das familórias saloias de deles saíram manifestasse qualquer constrangimento. Nenhum não é verdade. Uma petiza, aí dos seus sete ou oitos anitos, ainda protestou junto do seu pai e motorista, dizendo aquilo que a evidencia mostrava: havia lugares vagos e não reservados mais à frente. Inconsequente. “Não percebes nada disso!” foi a resposta paterna.
Afinal, apesar de andarmos na boca do mundo por bons e maus motivos, não aprendemos nada com elas.
E continuamos a ter deficientes mentais ao volante a ocuparem lugares de deficientes físicos.

Serviu, no entanto, este episódio lamentável para constatar que a minha câmarizita de bolso, apesar de serem quase dez da noite e de ter que ser apoiada num pilar, mesmo a 1600 faz alguma coisa que se veja.

By me 

1 comentário:

Joel disse...

Discordo consigo. Os carros estão bem estacionados e nos locais adequados! O que lhes falta é o dístico de condutor portador de deficiência. Como disse e muitíssimo bem, a deficiência é mental e pelo que se percebe, em estado bastante avançado, provado pela reacção ao comentário sensato da criança, mentalmente sã mas em risco de deixar de o ser graças ao comportamento do progenitor.
Mais palavras para quê?!