Uma das coisas que
a rapaziada nova se vai queixando, e com alguns motivos para tal, é de a escola
ser como que uma prisão!
Em boa verdade, a
escola, como ela é hoje e tem sido ao longos dos tempos, obriga a disciplina,
ao silêncio, ao prestar atenção a matérias nem sempre fáceis de entender, a
trabalhar quando o clima e os afectos pedem outras coisas… E, principalmente, a
gestão do tempo é decidida por toques de campainha e façanhudos adultos que
repetem até à exaustão “É proibido, é obrigatório, é a hora de!”
Na prática, estes
impositores de acções apenas vão preparando a canalha miúda ou os irrequietos
adolescentes para uma vida activa e integrada na sociedade, onde essas
imposições e proibições sucedem sem o olhar complacente ou protector de
professores ou funcionários e onde a lei do “salve-se quem puder” é a base do
relacionamento.
Claro que esta
preparação para o futuro, na escola, pode ser divertidíssima, numa mescla do
lúdico e da aprendizagem, desde a creche até à universidade. Assim saibam os
gestores e decisores do sistema de ensino criar as condições para que tal
aconteça.
Mas, por muito
agradável que possa ser o que se passa entre muros escolares, por muito
simpáticos e divertidos que sejam quem lá trabalha e os conteúdos que por lá se
aprendem, certamente que não é apetecível entrar na escola se esta tiver os
seus limites desta forma decorados: com arame farpado!
Estas barreiras
dolorosas, física e psicologicamente agressivas, são certamente um motivo de
desânimo e desinteresse para quem, querendo viver a vida a seu bel-prazer, se
vê obrigado a franquear estes portões todos os dias.
Foi isto que fui
encontrar um destes dias, bem como cacos de vidros cimentados no topo dos
muros, num liceu que frequentei na minha própria juventude, bem no centro de
Lisboa. No liceu Rainha Dona Leonor, ali ao Alvalade.
Foi neste espaço,
que frequentei nos anos que se seguiram à revolução, que aprendi na prática e
na teoria, o que era liberdade, civismo, respeito pelo individuo e pelo grupo,
solidariedade…
Duvido muito que o
tivesse aprendido até ao tutano como o sei hoje, se tivesse que frequentar um
local cercado de arame farpado, que não sei se serve para impedir a entrada se
para dificultar a saída.
Não se espantem os
pedagogos de hoje, se os jovens que agora ensinam os desprezarem amanhã.
Afinal, que
vontade haverá de apoiar e ajudar na velhice aqueles que, na nossa juventude,
nos colocaram num redil de arame farpado?
By me
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