sábado, 26 de maio de 2012

Uma no cravo, outra na ferradura




Uma porta é uma porta!
Poderá haver quem diga que é uma abertura para se passar para o outro lado da parede, poderá haver quem diga que é o que impede que se passe para o outro lado da parede. Depende de se assumir uma atitude positiva ou negativa.
Em qualquer dos casos, uma porta é uma porta!
O que pode diferenciar notoriamente uma porta de outra porta é o que se encontra do seu outro lado. Ou o que já esteve do seu outro lado. Que também as portas, ao servirem de fronteira permissiva ou impeditiva, têm história. Como um copo de cerveja, uma pedra de calçada ou uma ferradura. E, neste caso, é de ferraduras que falo.
Ao que sei, e posso estar enganado, esta era a porta do último ferrador aberto ao público em Lisboa. Outros existem ainda, em picadeiros ou hipódromos, mas de porta aberta para que qualquer um pudesse ser atendido, este terá sido o último na cidade.
Foi substituído, naturalmente, por uma miríade de oficinas auto, com os seus pneus, motores, pintura e bate-chapa, electricidade…
Mas ver um casco ser afagado, uma ferradura ser moldada, os cravos pregados… isso não mais, nem aqui nem em outro local em Lisboa.
Restam as memórias de quem lembra, os relatos de quem sabe e tudo o que esta porta alta poderia contar se falasse.
Conseguem ouvir o martelo, uma no cravo, outra na ferradura?

By me

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