terça-feira, 8 de maio de 2012

Observando e questionando o que nos cerca




É argumento meu que os fotógrafos, regra geral, fotografam o menos normal, o incomum, aquilo que prende o olhar pela diferença.
Pode ser uma luz, pode ser uma expressão, pode ser uma forma. Mas tem que chamar a atenção.
Mas, para tal, tem que o fotógrafo estar preparado para sentir ou ver a diferença. Aquilo que, no meio da normalidade do universo que nos cerca, não faz sentido, não prima pelo cinzentismo da uniformidade.

Quase pisei esta tampa de esgoto. O meu pé deteve-se e recuou, enquanto o meu olhar, que vagueava enquanto caminhava lentamente apreciando a tepidez da tarde, desceu e tentou perceber a incongruência que me havia feito parar.
Um passo atrás e levei mais de um minuto a perceber o que me incomodava. Mas acabei por o saber.
Estava eu na rua Vila de Bissorá, no bairro dos Olivais, em Lisboa. E esta tampa, que parece estar a afastar de si as pedras da calçada, está identificada com as letras “CMC” que, garantidamente, não são as iniciais da Câmara Municipal de Lisboa. Que todas ou quase todas as tampas de esgoto ostentam.
Terá havido um engano ou engano coisa nenhuma?
E será que nenhum dos que ali passam regularmente, incluindo os que a limpam, nunca deram com a coisa?

By me

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