Quinze mil quilómetros
em onze anos. França, Espanha, Itália, Portugal.
É esta a história
recente de F., setenta anos, alma errante num corpo errante, de Bordéus.
Parei a
admirar-lhe o bordão e a conversa seguiu na sua língua nativa, que mais não
sabe. Procurava ele, que mo perguntou, por um hotel barato, que os da zona da
Gare do Oriente são caros.
Em trânsito a
caminho de Fátima, de onde rumará a Santiago, contou-me que o tem feito porque…
bem, há intimidades que só o próprio pode contar e se o quiser.
Perguntei-lhe se
era feliz assim, fazendo-o. Respondeu-me com um meio sorriso, que não o fazia
por ele. Que foi o mesmo que dizer que sim.
Deixou-me,
seguindo para a boca do metro, carregando a sua mochila, os seus símbolos e a
sua fé. E eu deixei-me ficar, com um tesoiro guardado na câmara e a caneta
tomando notas para que a memória me não atraiçoasse.
Mas também fiquei
com a satisfação de ter conhecido, ainda que muito fugazmente, alguém que
cumpre um destino definido e por si traçado.
Mesmo que por
motivos nada agradáveis, como os de F., deve ser uma felicidade poder fazê-lo!
By me
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