Ouvi um ministro
propor uma ideia estupenda sobre como combater eficazmente a evasão fiscal.
Dizia ele que seria obrigando a que todas as compras ou negócios de valor
superior a mil euros teriam que ser efectuadas usando qualquer coisa que não
dinheiro vivo: Cheques, cartões de crédito, cartões de débito, transferências…
nada de notas ou moedas.
Esta ideia, que
combaterei enquanto me for possível, deixa-me arrepiado para além do limite!
Por um lado,
obriga a que todo o cidadão que queira comprar ou vender algo nesses montantes
tenha conta bancária. O que me leva a perguntar porque raio tenho eu que ser
obrigado a ter negócios com um banco? Porque ter conta bancária implica fazer
negócio com um banco e permitir que ele obtenha lucro com o que é meu. E se eu
quiser fazer compras, digamos que numa mercearia, porque raio tem que um banco
lucrar com isso?
Em segundo lugar,
pergunto-me porque raio uma entidade privada tem que ficar com registos dos
negócios que eu faço? Porque cada movimento numa conta fica registado no banco.
E são a esses dados que o tal ministro quer aceder. Mas se eu fizer um negócio,
digamos que com um médico, porque raio tem que uma terceira entidade, privada,
ficar a saber disso e guardar registos de tal situação clínica?
Em terceiro lugar,
este registo por parte de uma entidade privada vai definir quem é e quem não é
cidadão. Tal como já acontece com os documentos de identificação emitidos pelo
estado português. Mas se estes, sendo obrigatórios, identificam cada um com o
estado e os seus iguais, a obrigatoriedade de ter uma conta bancária fará o
mesmo junto de entidades privadas. Que, do meu ponto de vista e do ponto de
vista da garantia das liberdades individuais, nem sequer têm que saber que eu
existo, quanto mais que tipo de negócios eu possa fazer.
Não tenho nada a
esconder de quem quer que seja, pelo menos não mais que o comum do cidadão com
uma consciência medianamente limpa.
Mas entendo que a
minha vida a mim pertence e que não posso ser obrigado a dela fazer alarde ou
divulgar junto de privados que não conheço ou quero conhecer.
A tudo isto, que
evidencia um “Grande Irmão” cada vez mais omnipresente, acrescento um outro
aspecto.
A situação que
hoje vivemos, de dificuldades económicas e de carências de vários tipos, adveio
em grande parte do sistema bancário e dos seus maus e escuros negócios. De
entidades privadas! Quer este ministro obrigar que cada cidadão contribua
encapotadamente e à revelia da sua vontade para essas mesmas entidades que tão
mal nos fizeram e vão fazendo?
Senhor Ministro:
Quem tem muitas ideias corre o risco de ser chamado de idiota. É isso mesmo que
lhe chamo!
E aos idiotas
dão-se três tipos de tratamento: se o caso é ligeiro, o ostracismo; se é de
mediana gravidade, umas palmadas bem assentes resolvem a questão; se o caso for
muito grave, recorre-se a um colete-de-forças e uma cela almofadada. É isso
mesmo que lhe recomendo!
Para seu e nosso
bem!
By me
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