quarta-feira, 30 de maio de 2012

Não em nome de uma bandeira




Muito se tem falado, nestes últimos dias, sobre o caso das secretas e dos relatórios que os serviços de informação produziram.
Mas, em tudo o que se tem discutido, o que tem estado em mais causa é o haver relatórios sobre jornalistas: o que se escreveu ou investigou sobre a vida privada e/ou pública sobre este jornalista de um jornal ou aquele outro director ou patrão de uma cadeia de media.
Sobre se esses mesmos serviços de informação produziram relatórios a propósito da vida privada e/ou pública de quaisquer outros cidadãos nacionais – eu mesmo ou você que está a ler estas linhas – nada se disse.
Por outras palavras: não está a ser posto em causa o ser ou não correcto haver serviços de informação a produzirem relatórios sobre pessoas mas tão só sobre algumas pessoas. Como se algumas pessoas fossem parte de uma elite sobre as quais se não pudesse investigar. Ou como se todos os cidadãos pudessem ser alvo de investigação, excepção feita aos profissionais de um dado ofício.
Pergunto-me:
A – Sabe se já foi alvo de investigação?
B – Permite ser investigado sobre a sua vida privada – hábitos, preferências, opiniões, família?
C – Considera-se menos importante que um jornalista?
D – Faz algo para proteger, efectivamente, a sua própria vida privada?

Pela parte que me toca, respondo Não, Não e Não a quase todas as perguntas, tal como um político fez no parlamento.
Mas um enorme Sim à última.
Nada tenho a esconder de vergonhoso da minha vida privada. Pelo menos não mais que o comum dos cidadãos.
Mas faço muita questão que ela continue privada. E nos aspectos que entendo por pertinentes, faço o possível por não deixar rasto, impedindo ou dificultando no que me é possível essas devassas.
Não será em nome de um país ou da segurança de uma bandeira que deixarei, impávido e sereno, que o Grande Irmão vasculhe a minha vida.
Mesmo não sendo eu jornalista.

By me

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