terça-feira, 22 de maio de 2012

Praticando ao raiar do dia




Para os que não sabem, ou porque não lhes tocou de perto, ou porque não vão ouvindo as notícias, tem havido greves nos transportes colectivos. Metro de Lisboa e CP, pelo menos.
No caso dos caminhos de ferro, abrange só parte dos sindicatos da empresa, mas os suficientes para que a empresa avise de “fortes perturbações”, sem que haja serviços mínimos ou serviços alternativos.
Um dos que será afectado serei eu. Não nos inícios do dia de trabalho, mas no regresso. Para lá terei transporte assegurado pela empresa onde trabalho, em virtude ser a horas em que os públicos não circulam. Para ser mais exacto, terei transporte à porta pelas 5.20 da manhã, para Lisboa.
Hoje, pela tardinha, cruzei-me com duas vizinhas que protestavam com esta vaga de greves. Os argumentos do costume, que já tinham pago o passe, que a CP lhes deveria parar o dia de falta, que é uma pouca-vergonha… o costume.
Em conversa com estas duas senhoras, e mais dois outros vizinhos que entretanto se aproximaram, propus-lhes eu dar-lhes boleia para a cidade. Bem sei que muito, mas muito cedo, mas ficariam com metade do problema resolvido.
Nenhum aceitou. Nem mesmo com o argumento que sempre poderiam desfrutar de algo que não costumam ver: o nascer do sol que, por estes dias, tem sido assim como se vê.
O facto de ser assim tão cedo, mesmo que para resolver um problema grave como o faltar ao trabalho, foi o que me disseram para recusar, com sorrisos de orelha a orelha.
Por mim, farei o que costumo fazer nestes casos: em passando pela estação, direi ao motorista que pare e oferecerei boleia a quem por lá esteja, preocupado com o não poder seguir para o trabalho.
Ficam a perder os meus vizinhos, que perdem a boleia e o nascer do sol.
Mas ficam a ganhar, pois que espero que tenham aprendido que solidariedade não apenas o nome de um sindicato, lá na Europa do norte, nem conceito empoeirado e escondido numa gaveta perdida.
Quanto ao que ganho ou perco… ganho a satisfação de saber que faço o que entendo fazer, perco a oportunidade de fazer passar com mais intensidade a mensagem.
O regresso… bem logo se verá como será. Mas será com sol alto e, previsivelmente, quente.

By me

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