domingo, 11 de dezembro de 2011

Um tipo






Um tipo deita-se tarde. Mesmo tarde. Porque quis ou porque teve que ser, um tipo deita-se bastante tarde.
Enfim, não tão tarde que, em deitando-se, oiça os galos a cantar. Mas tarde o suficiente para recordar os velhos avisos ouvidos na meninice sobre o deitar cedo e cedo erguer.
E um tipo tem que se levantar cedo. Bem cedo. Não porque queira, que um tipo nunca quer estas coisas, mas porque tem que ser. E o que tem que ser tem muita força.
Vai daí um tipo, para ter a certeza que acorda quando tem que ser ainda que não o queira, regula três despertadores. Não que um tipo costume não ouvir o primeiro, mas antes porque nunca se sabe, e um tipo sabe que se deitou tarde e tem que acordar cedo.
De manhã um tipo acorda ao som do primeiro despertador. “Fixe”, pensa um tipo. “Até que nem custou muito.”
E um tipo sai da cama para o desligar, antes que os outros aí venham com a sua chinfrineira.
E é aí que um tipo, já de pé e a olhar para os despertadores, acha que há algo errado. É mais cedo que o que deveria ser. “Que raio!” diz um tipo. “Queres ver que tenho este adiantado?”
E, ao confirmar, um tipo descobre que tem os três despertadores certos. Aquilo que não está certo é a hora para despertar do primeiro, aquele que acordou um tipo. Está marcado para duas horas mais cedo do que devia.
E que diz um tipo ao constatar isto?
Nah, Nah, Nah!
Um tipo não reproduz aqui o que disse, que há senhoras a ler estas palavras e um tipo é bem-educado, que raio!

Texto e imagem: by me

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