sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

O conto do vigário




Todos os anos, a empresa que me fornece o gás canalizado cá a casa tem um gesto simpático: oferece aos seus clientes uma lembrancinha por esta altura do ano.
Já recebi CDs, DVDs, uma lanterninha e livros.
De algumas gosto, outras nem tanto, mas reconheço a simpatia do gesto, pese embora não seja isso que me faz continuar ou não a ser seu cliente. Gosto do serviço que prestam e, enquanto isso acontecer, manter-me-ei cliente.
Mas, este ano, para além da meia-surpresa de ter na caixa do correio o envelope com a lembrança, fiquei mesmo boquiaberto. É que num dos três livritos de contos que nele vinham, um dos contos conhecia eu como sendo uma história verdadeira: “O conto do vigário”, aqui assinado por Fernando Pessoa.
Ouvi-a eu contar na televisão, há uns trinta anos, por uma figura grada do mundo do teatro, já falecida. E aquilo que então foi contado foi referido como tendo sido uma história verdadeira, passada havia anos no Brasil.
Não interessa identificar quem a contou. Apesar de ter sido uma patranha, foi bem contada e convenceu todos os que a ouviram e que, tal como eu, não conheciam o original.
Fica o elogio à forma como o contou, fica o elogio à simpatia do meu fornecedor de gás e fica um velho ditado popular: “Mais depressa se apanha um mentiroso que um coxo!”

Texto e imagem: by me

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