A cidade tem as
suas figuras características, algumas vezes conotadas com algum “desarranjo” na
caixa dos pirolitos.
Eles eram, em
tempos, os internados no hospital da Av. Do Brasil, que pelas grades ou mesmo
na rua, pediam cigarros;
Ele era o polícia
sinaleiro bailarino, que geria o tráfego com passos dignos de um qualquer
palco;
Ele era o Senhor
Adeus, que saudava quem passava na rua.
E muito outros,
mais ou menos visíveis, que com os seus actos incomuns quebram a rotina da
cidade.
Alguns há que
quase se não dá por eles, na sua discrição. Este é um deles.
Conheço-o há mais
de cinco anos, nas minhas idas como fotógrafo À-Lá-Minuta no Jardim da Estrela
ou como mero passeante por ali.
Todas as tardes em
que lá estive o vi, sentado num banco. Ao sol, se de Inverno, à sombra, se de
verão.
Chega como sai,
sem falar com ninguém, sem mesmo saudar com um gesto os demais utentes
habituais. Nem mesmo um sorriso o vi fazer.
Mas nunca fica sozinho!
O seu hábito é dar de comer aos pombos que, sabendo-o, vão ter com ele, amigo
de longa data que é.
E vão-lhe comer à
mão, deixando-se agarrar como um cachorrinho e depenicando do que lhes trás ao
bico.
Deve ele conhecê-los
a todos, quiçá ter-lhes-á dado nomes, pois que enxota os repetentes, fazendo
questão que todos tenham o seu quinhão.
No Jardim da Estrela
há bancos certos para visitantes certos. Juntam-se em grupos mais ou menos
constantes, senhoras com senhoras, homens com homens. E, na tarde do dia de
natal, alguns por lá não estavam, talvez que na “terra”, com as suas famílias.
Mas nenhum tem
tantos amigos quanto este, cuja história e nome não sei.
Texto e imagem: by
me
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