Um destes dias,
ali no bairro de Alvalade, em Lisboa, constatei que andava mais descuidado
comigo mesmo do que eu próprio gostaria de admitir. Olhei para as unhas das mãos
e achei que havia que tratar da coisa antes que a vergonha me mandasse usar
luvas.
Vai daí, entrei
numa drogaria/perfumaria e pedi um corta-unhas.
“Grande ou
pequeno?”, perguntou-me o simpático caixeiro, cujo nome de ofício corresponde à
idade que aparentava.
“Pequeno.”, disse,
“Daqueles que nos esquecemos que temos no bolso.”
Afastou-se ele
para uma dependência interior, parou na soleira da porta e, olhando para mim,
inquiriu:
“Chinês ou
Americano?”
Parei uns segundos
a pensar e respondi:
“Olhe, traga-me
dos dois para eu escolher.”
Voltou ele com
estes dois que aqui vedes e esclareceu:
“Sabe, são da
mesma marca, mas um diz que foi feito na China (o menor) e o outro que foi
feito nos USA (o maior). Fora isso são iguais até na qualidade.”
“E o preço?”
“Custam o mesmo:
dois euros.”
Não resisti e comprei
ambos. E acabaram por chegar a casa virgenzinhos da Silva, que o meu desejo de
os fotografar como tal se sobrepôs à minha vergonha.
Falta-me dar umas
voltas pelas drogarias e perfumarias da cidade, na esperança de encontrar um,
da mesma marca e tamanho, mas made in UE.
Aí sim, terei um
representante de cada uma das forças que agora se digladiam nesta guerra a que
agora assistimos e na qual somos carne para canhão. Quiçá munição mesmo.
Texto e imagem: by
me
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