Quando Portugal
aderiu à União Europeia, fê-lo sem perguntar nada aos Portugueses. Foi uma
decisão política, tomada por quem estava no poder, e a vontade do Povo foi
simplesmente ignorada.
Quando Portugal
aderiu ao Euro, mandando às urtigas o Escudo, também aconteceu à revelia da
opinião dos Portugueses. Foi uma decisão política tomada pelos “poderosos”,
ignorando se os cidadãos nacionais o queriam ou não.
Agora, que toda a
Europa parece estar em crise profunda, económica e política, fala-se na
exclusão de alguns países do Euro, o nosso incluído. Ou mesmo do desmembramento
da União Europeia, com a sua dissolução total ou parcial. Também estas
decisões, que afectarão Portugal, serão tomadas sem que qualquer de nós,
Portugueses, sejamos tidos ou achados no processo.
Lamento-o
profundamente e este é um dos meus protestos contra isso.
À uma porque a
Democracia se deve fazer ouvindo o Povo e não apenas seguindo as vontades ou
decisões de uns quantos “iluminados”. E se sobre leis “menores” ou correntes,
como o orçamento do estado ou o código penal ou as leis orgânicas deste ou
daquele sector, bastarão os nossos representantes para as elaborar e votar,
questões tão de fundo como estas têm que ser decididas pelo colectivo. Creio
que todos nós devemos ter uma ou mais palavras decisivas a dizer sobre a
matéria e não devemos deixar que sejam apenas alguns “doutos” a fazê-lo.
A ferramenta para
tal, constitucionalmente em vigor, chama-se “referendo” e é bem mais que um
mero instrumento de “faz-de-conta que a democracia existe”.
Depois porque, em
tendo havido consulta popular sobre as adesões, eu teria votado
entusiasticamente a favor, da mesma forma que, em vindo a haver referendo sobre
uma eventual saída da União Europeia ou do Euro, votarei e farei campanha para
que tal não aconteça.
A redução ou
eliminação de fronteiras, tal como a livre circulação de pessoas e bens, é um
passo significativo, entre outros aspectos, para minimizar a possibilidade de
conflitos armados. É um passo significativo para que termine essa terrível
aberração da “posse de terra”, aquilo que já por cá estava ainda antes da
existência do Homem, e que continuará a estar muito depois da sua extinção. É
um passo significativo para que a distribuição de bens essenciais seja uniforme
e em função das necessidades e não dependendo dos desejos de poder de uns
quantos “governantes”, mais desejosos de mandar que de governar. É um passo
significativo para a diminuição das desigualdades e assimetrias, permitindo que
os seres humanos possam viver no lugar de apenas existirem.
Dirão que estes
desejos serão utópicos e talvez condenados a nunca verem a luz do dia, tal como
aconteceu com diversos ideais, incluindo o Esperanto. E que alguns apelidam de
“imperialistas”.
Talvez que sejam
bem difíceis de atingir.
Mas enquanto
andarmos todos com rivalidades fúteis, com o conceito de competitividade dependurado
no nariz e a discutirmos uns com os outros como bairristas ferrenhos,
continuarão a existir obesos e gente a morrer de fome, gente a tomar decisões
em gabinetes luxuosos e outros a cair nas frentes de combate, senhores e
escravos, e tudo isto apenas porque se teve a sorte ou azar de nascer neste ou
naquele ponto do globo.
Tenho-me na conta
de ser igual a todos os outros seres humanos, nem mais nem menos que nenhum deles.
A mesma barriga para alimentar, o mesmo corpo para manter vivo e saudável, a
mesma sede de conhecimento e de liberdade.
A união real entre
povos, com tudo o que isso implica de político e económico, é uma das formas
possíveis de nivelarmos, por cima, os Humanos.
E tudo quanto
possa fazer retroceder esse nivelar terá o meu voto contra.
Supondo que a
Democracia ainda existe e é posta em prática.
Texto e imagem: by
me
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