As cerdas, hoje, são
em nylon, os caixotes em plástico e já quase ninguém os conhece por “Almeidas”.
Mas são aquelas
pessoas que têm aqueles ofícios que ninguém quer, que quase ignoramos que
existem e que, como se tudo isso não bastasse, ganham misérias.
Mas não se enganem
os incautos, que de miseráveis nada têm. É que, por vezes, os extremos de uma
escala de valores ocupam os lugares cimeiros noutras escalas.
Este estava junto
ao seu carrinho, fumando um cigarro e de conversa com um vizinho aqui da rua.
Bem disposto, vi-o e ouvi-o a meter conversa simpática com duas senhoras que
passavam, perguntando-lhes se o cesto que acabavam de comprar era para deitar
fora que ele ficava com a coisa. Risos, ao sol de Inverno, e aquilo ficou por
ali.
E, enquanto eu
mesmo acabava o meu cigarrito à porta do “meu” café, oiço-o gritar:
“Oh patroa! Oh patroa!”
Olho eu e vejo
para onde olhava ele. No café logo abaixo, que tem uns sete degraus de acesso
ao seu interior, uma outra vizinha estava parada, com o seu carrinho de bebé.
“Oh patroa! Quer
que a ajude?” continuou.
E sem esperar
resposta, ei-lo a correr aqueles vinte metros para a ajudar a subir com o
carrinho.
Se a profissão de “Almeida”
está num dos extremos da escala social, o coração deste está bem no outro
extremo na escala de Ser Humano!
Texto e imagem: by
me
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