sábado, 24 de setembro de 2011

Negócios e crise



Certos empresários negligenciam o que de melhor têm nas suas empresas: os trabalhadores.
Conheço este estabelecimento há anos. Tenho sido seu cliente desde que aqui resido, que tudo ou quase me agrada lá. Mas, volta e meia tem-me sido confidenciado por quem lá tem trabalhado a forma como os patrões tratam menos bem quem ali passa horas a fio atrás do balcão, com contratos à margem da lei, com atrasos sistemáticos nos pagamentos e consta não muito bem feitos e até, pelo menos em dada altura, com “avanços” menos cavalheirescos por parte de um dos patrões a algumas das empregadas.
Com o passar dos tempos, as melhores pessoas que ali têm trabalhado têm mudado de emprego, nem sempre por melhores condições salariais, mas antes para não aturarem o que ali aturam.
E, talvez por que se saiba da fama do que ali acontece, certo é que quem vai entrando não vai mantendo o nível qualitativo no atendimento ao público ou, até, na forma como o estabelecimento vai sendo mantido. Ou talvez porque aqueles e aquelas que menor rendimento ou desempenho têm não encontram alternativa de emprego e sujeitam-se.
Mas este reduzir na qualidade do atendimento e manutenção do espaço redunda num outro factor, este sim que se irá repercutir no negócio: a perda de clientes. Por uma motivo ou outro, os clientes habituais vão mudando de poiso, optando por outros nas imediações. Eu próprio já o vou fazendo.
Ou seja: o negócio estará a piorar p’la certa não tanto por uma questão de preços ou de qualidade do que ali é vendido mas antes pela forma como os clientes ali se sentem recebidos, tanto no atendimento como na manutenção do local.
A crise, de que tanto se vai falando e sentindo no dia-a-dia, não provém em exclusivo de questões económicas. A atitude dos empresários, em menosprezarem quem com eles trabalha, e da parte de quem trabalha, em não se empenhar na qualidade daquilo que faz, redunda em menos negócio e, subjectivamente, em menos felicidade.
E se podemos viver com salsicha no lugar do bife, ou com transportes colectivos em vez de automóvel privado, viver infeliz é a pior forma de existir.

Texto e imagem: by me

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