quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Aventuras!



Comprei uma catana.
Bem sei que é um objecto estranho para comprar, mas não resisti quando o vi, há dias, ao comprar uma outra ferramenta numa loja. Fiquei a pensar nela uns tempos e hoje decidi-me.
Recorda-me ela o meus tempos de leitor assíduo do “Mundo de aventuras”, uma revista de banda desenhada, em que percorrer uma selva, africana ou sul americana, implicava sempre o uso de uma catana para abrir caminho. E eu, que tinha uma “selva” perto de casa, volta e meia ia lá com um pau achatado, a abrir caminho. Os jardineiros não gostavam muito da coisa, mas eu olhava em redor, não fora os “selvagens” aparecerem e eu ter que os enfrentar ou deles fugir.
Comprei-a em saindo do trabalho, almocei e estava já no cais de embarque à espera do comboio que me levaria a casa quando sou abordado pela polícia.
Só vi dois, que vinham decididamente na minha direcção e que me mandaram por aquilo no chão. Os outros dois chegaram nas minhas costas, vinham à paisana e, suponho, executaram as manobras de segurança do manual.
Quem sou, para que serve isto, onde o comprou, tem a factura, que tipo de fotografias vai fazer com elas, se o nome coincide com o da BI, contactos via rádio, onde trabalha, se já tinha tido problemas com a polícia… Fui objecto do tratamento todo, excepto o levarem-me para a esquadra. E o raio da coisa vinha ainda com o gume selado com uma tira de borracha.
Explicações dadas, lá me deixaram seguir caminho, com a especial recomendação que tivesse o diabo da catana bem escondida, não fora encontrar outra patrulha ou, como foi o caso, ser objecto de uma denúncia.
E fiquei a achar graça à coisa. Um objecto destes, vendido numa loja de ferragens sem mais explicações e por menos de dez euros, provoca medo a quem passa, leva a polícia a intervir em peso e a só me deixarem seguir porque me acharam demasiado tolo ou ingénuo para fazer qualquer mal com ela.
No entanto a caneta que seguro na imagem é bem mais perigosa! Ninguém a receia, pode estar discretamente escondida na mão e, quando a vítima der por ela, estar espetada no pescoço. Sem possibilidades de defesa ou esquiva.
Não contei esta minha teoria aos agentes da PSP que me abordaram. Estavam eles bem mais preocupados com o pesado ferro afiado que eu transportava, bem como com as questões da classe profissional (que aproveitei o ensejo para uns dedos de conversa extra) e não creio que entendessem a comparação sanguinária descrita. E menos ainda o conceito do poder superior da pena sobre a espada.

Fico ainda a perguntar-me: se no lugar da catana tivesse comprado a gadanha que também lá havia e que não veio por ser demasiado modernaça para as imagens que tenciono fazer, que me aconteceria?

Texto e imagem: by me

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