quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Água com açúcar



Leio no livro “Bolsões de resistência”, de John Berger, um pequeno texto sobre a obra escultórica de Raymond Mason.
A dado passo, escreve ele:
“… As obras-primas de Manson são desajeitados monumentos feitos no último quarto deste século para uma classe lentamente desaparecida, com muitos dos seus membros forçados a um desemprego terminal. Uma classe que hoje quase que nem existe, mas que deixou ao mundo a sua própria palavra: solidariedade. “

Não conheço a obra do escultor mas, segundo o autor do livro, dedicou-se ele a representar o operariado, o proletariado, inglês e francês, de uma forma um tanto naif mas, ao mesmo tempo, bem real.
Certo é que este século, o XXI, a palavra existe, o significado também, mas a sua prática fica-se pelas intenções. Que o operário e o proletário do séc. XX transformou-se em assalariado, em trabalhador por conta de outrem, em contratado a termo certo ou incerto.
E, no meio destas noveis classificações, a solidariedade diluiu-se como açúcar na água.
Para mal de todos nós, desses mesmos em particular.

Texto e imagem: by me

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