sábado, 19 de setembro de 2015

Chegou tarde?



Surge este post na sequência de uma conversa tida com uma amiga, que me descreveu métodos e práticas numa escola profissional.
E fiquei eu a pensar que profissionais dali sairiam. E que cidadãos.
Bem como nos resultados que obtive, em tempos.

Quando eu trabalhei com bandos de jovens que queriam aprender o pouco que sei, havia este aviso colado na porta. Da parte de fora!
Nunca aceitei, nem aceito, que a desatenção ou o desleixo de um ou dois prejudicasse o trabalho e a concentração do conjunto.
A regra era simples:
Trabalhávamos duas, três, por vezes quatro horas seguidas e juntos. Com os intervalos óbvios, que havíamos combinado acontecer quando os trabalhos permitissem e não seguindo a omnipotente e sempre ditatorial campainha.
Quem quer que chegasse depois da porta fechada poderia sempre ingressar no grupo nessas pausas, sem a temível e perigosa “falta”. E, se fosse necessário, gastaria eu um nico de tempo para o ou a colocar a par do que se havia feito ou dito.
Umas duas ou três semanas depois de começarmos a trabalhar juntos, o aviso deixava de ser necessário. Por um lado, o índice de abstenção real era muito menor. Realmente menor. Por outro, todos entendiam a eficácia do método e percebiam que perturbar o todo o grupo ao entrar numa sala a meio de um trabalho era (é!) uma terrível falta de respeito para com os demais. Que a interrupção assim provocada fazia todos perderem a concentração e o rendimento na aprendizagem. E era garantido que se faria o possível para que ninguém ficasse para trás nos conhecimentos que adquiriam.

Na primeira reunião de notas que tive, naquele natal e naquela escola, eu era o novato, aquele que pouca ou quase nenhuma experiência lectiva tinha.
Quando disse de minha justiça sobre cada um dos alunos e descrevi um dos métodos de avaliação continua que usava – atitude profissional – e que isso era conteúdo programático e importante num curso profissional, fui discretamente gozado pelos demais professores ou formadores. “Lá vem este com coisas novas p’rós putos!”
Para minha satisfação (muito íntima e secreta) no ano lectivo seguinte esse item constava nas orientações dadas pela direcção aos professores.

Este aviso – e tudo o que com ele se relaciona – fazia e faz parte dessa formação e respectiva avaliação.
E da minha própria prática profissional.


By me

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