Vadiar um pouco
pela baixa lisboeta é também uma romaria da saudade. Fotográfica.
Que os espaços que
alguma vez se relacionaram com fotografia (consumíveis, equipamento, laboratório)
estão quase todos fechados.
Transformismos
comerciais, alguns mudaram de ramo, alguns tentaram ser lojas da moda, outros
ficaram impolutos, como se a própria loja fosse uma fotografia.
Ele era o JC
Alvarez, ele era a casa Ângulo, ele era o Libersil, ele era a Profoto, ele era a Filmarte, ele era
a Afari, a última destas a fechar…
Restam, ao que
sei, a Fotosport, a Instanta e a Fotocolor. Esta última já nem tem, pelo que vi
um destes dias, material usado para venda.
Mas já nem sou só
eu que vou relembrando o que foi, na baixa lisboeta.
São as memórias
vivas que vêm ter comigo.
Como aquele cigano
que se ali faz o seu negócio habitual e que vem ter comigo, primeiro não me
reconhecendo, depois relembrando e falando de outros que por ali andaram, das
mudanças nos titulares dos negócios e dos espaços e das fotografias que lhes
fiz.
Ou como aquele
ex-aluno de há uma boa dezena de anos, que estando de passagem pela cidade, me
aborda e com quem falamos dos tempos que foram e dos tempos que são.
Ou aquele outro, já
velhote e reformado, que me vem perguntar quando volto eu para o Jardim da
Estrela.
Vadiar na baixa
lisboeta é como que uma romaria da saudade. Algumas bem vivas e que se
recomendam, outras nem tanto.
By me
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