sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Romarias



Vadiar um pouco pela baixa lisboeta é também uma romaria da saudade. Fotográfica.
Que os espaços que alguma vez se relacionaram com fotografia (consumíveis, equipamento, laboratório) estão quase todos fechados.
Transformismos comerciais, alguns mudaram de ramo, alguns tentaram ser lojas da moda, outros ficaram impolutos, como se a própria loja fosse uma fotografia.
Ele era o JC Alvarez, ele era a casa Ângulo, ele era o Libersil, ele era a Profoto, ele era a Filmarte, ele era a Afari, a última destas a fechar…
Restam, ao que sei, a Fotosport, a Instanta e a Fotocolor. Esta última já nem tem, pelo que vi um destes dias, material usado para venda.

Mas já nem sou só eu que vou relembrando o que foi, na baixa lisboeta.
São as memórias vivas que vêm ter comigo.
Como aquele cigano que se ali faz o seu negócio habitual e que vem ter comigo, primeiro não me reconhecendo, depois relembrando e falando de outros que por ali andaram, das mudanças nos titulares dos negócios e dos espaços e das fotografias que lhes fiz.
Ou como aquele ex-aluno de há uma boa dezena de anos, que estando de passagem pela cidade, me aborda e com quem falamos dos tempos que foram e dos tempos que são.
Ou aquele outro, já velhote e reformado, que me vem perguntar quando volto eu para o Jardim da Estrela.


Vadiar na baixa lisboeta é como que uma romaria da saudade. Algumas bem vivas e que se recomendam, outras nem tanto.  

By me

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