domingo, 20 de setembro de 2015

Sete



Não sou, de todo, especialista em cálculo de probabilidades ou de estatística.
É sabido que algumas coisas nos acontecem com mais frequência que outras ou que, e é o que é mais comum, só nos apercebemos que nos acontecem certas coisas quando se evidenciam, pese embora acontecerem com facilidade.
No que respeita a números será o mesmo. A probabilidade de nos depararmos com um dado número entre zero e dez é de 1 para 10, numa tômbola ou sorteio. Claro que se tivermos uma qualquer predilecção por este ou aquele número, dependerá da nossa atitude positiva ou negativa dizermos que acontece com frequência ou que nunca acontece.
E nós, seres humanos, que dependemos das místicas e dos deuses para explicar e exorcizar os nossos medos e alimentar as nossas esperanças, damos a alguns números atributos mágicas. No quotidiano, como o limpar os pés, nas preces, nos jogos de azar e fortuna.
De entre todos os números, um há com o qual lidamos com talvez mais frequência que os demais, apesar de nem darmos por isso. O número sete.
É-lhe atribuído um peso divino, já que terá sido este o número de dias que um tal de deus levou a construir o universo. Mas este é apenas um dos aspectos e relativo apenas aos monoteístas oriundos do médio oriente. Muitas outras culturas, díspares no tempo e no espaço, lhe dão importância desta ou daquela forma, com inscrições em monumentos, calendários, pinturas, assinalando-o como sendo algo de relevo, apesar de muitas nem desconfiarem do que seja um “número primo”.
E nós por cá, mesmo que deixando de parte as questões religiosas, temos que coexistir com ele ao longo da vida: os sete dias da semana.
O calendário assim está dividido e, ao contrário do ano (que refere a translação do planeta em torno do sol) e do dia (que refere a rotação da terra sobre si mesma) a semana prende-se com o nosso satélite. Cada ciclo lunar tem 28 dias e cada fase da lua (cheia, nova, crescente ou decrescente) tem sete dias.
Uma forma simples, de mera observação, de marcar a passagem do tempo. Tão vetusta quanto a capacidade do Homem em observar os astros à noite.

É por ser apenas um número, tão banal quanto os outros, que não me espanto quando, num mesmo dia, sou abordado sete vezes por desconhecidos na rua para dar um cigarro. Poderiam ser quatro. Ou oito. Ou qualquer outra quantidade. E é sempre em quantidade.
Apenas constato a coincidência de serem sete vezes, o tal número cabalístico.

O que me deixa realmente espantado é a quantidade de gente (muitas e muitas vezes sete) que ainda vai acreditando que o país está melhor, que há menos desemprego, que as pessoas têm mais poder de compra…
De hoje a duas semanas (duas vezes sete) terão oportunidade de escolher quem irá gerir o país pelos próximos quatro anos (o quatro é um número de que gosto particularmente por motivos muito pessoais que para aqui não são chamados).
Espero que saibam fazer contas e estatísticas, e que saibam ver quem, ao longo dos últimos (muitos) anos, nos conduziu ao estado em que nos encontramos.
Não dou cigarros a todos os que mo pedem. Não posso.

Mas muito gostaria que o número de pedidos diário fosse muito inferior a sete!

By me

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