Por vezes faço
isto:
Estendo a mão ao
calhas, retiro um livro ao calhas, abro-o ao calhas e leio ao calhas onde os
olhos se me fixam.
Calhou agora a vez
de “Noites brancas”, de Fédor Dostoievski.
Pag. 95:
“Hoje o dia esteve
triste, chuvoso, sem luz, como a minha futura velhice. Fui assediado por
estranhos pensamentos: sentimentos turvos, questões ainda obscuras para mim,
comprimiam-se dentro do meu cérebro, sem que eu tivesse força ou vontade para
as solucionar. Não, não seria eu quem poderia resolver tudo isso!
Hoje não nos
veremos. Ontem, quando nos deixámos, as nuvens espalhavam-se no céu e o
nevoeiro adensava-se. Disse que o dia seria mau; ela não respondeu, pois não
queria falar contra si própria: para ela, este dia é luminoso e claro e nenhuma
nuvem poderá eclipsar a sua felicidade.
“Caso chova, não
nos veremos”, dissera ela, “não virei.”
Pensei que ela não
iria notar a chuva de hoje, mas, no entanto, não veio.”
By me
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