terça-feira, 22 de setembro de 2015

A passageira



A meio da tarde.
Do meu banco de comboio vejo-a entrar na carruagem.
Não se sentou e ficou entre portas a analisar, de sobrolho franzido, o mapa de estações que ali está.
As cores garridas do seu vestuário, o cheiro a novo do estojo de plástico que segurava, junto com algumas poucas folhas, não deixava azo a dúvidas.
A estação seguinte era a minha. Entre os meus 1,72 e os dois e pouco da porta, ficaram os seus pouco mais de 1,40 metros.
Por cima do ombro, consegui ver o que estava escrito numa das folhas pautadas e perfuradas:
“Lição nº1
Sumário
Apresentação. Considerações gerais sobre a disciplina de ciências.”
Quando a composição parou, bem que jogou a mão ao botão da porta, mas a inexperiência ou a falta de força não lhe permitiram abri-la. Acabei por o fazer eu, com um sorriso.
O rubor que lhe subiu às faces condizia com o estojo que segurava.
Silenciosa como tinha entrado, saiu para ao cais, saltitando em direcção às escadas.

Como é bom voltar às aulas!  

By me

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