A meio da tarde.
Do meu banco de
comboio vejo-a entrar na carruagem.
Não se sentou e
ficou entre portas a analisar, de sobrolho franzido, o mapa de estações que ali
está.
As cores garridas
do seu vestuário, o cheiro a novo do estojo de plástico que segurava, junto com
algumas poucas folhas, não deixava azo a dúvidas.
A estação seguinte
era a minha. Entre os meus 1,72 e os dois e pouco da porta, ficaram os seus
pouco mais de 1,40 metros.
Por cima do ombro,
consegui ver o que estava escrito numa das folhas pautadas e perfuradas:
“Lição nº1
Sumário
Apresentação. Considerações
gerais sobre a disciplina de ciências.”
Quando a composição
parou, bem que jogou a mão ao botão da porta, mas a inexperiência ou a falta de
força não lhe permitiram abri-la. Acabei por o fazer eu, com um sorriso.
O rubor que lhe
subiu às faces condizia com o estojo que segurava.
Silenciosa como
tinha entrado, saiu para ao cais, saltitando em direcção às escadas.
Como é bom voltar às
aulas!
By me
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