É um processo que,
infelizmente, conheço de perto: centros de formação e escolas desonestas.
São escolas de
maior ou menor gabarito, com conteúdos programáticos e metodologias pedagógicas
coladas com cuspo, que aliciam profissionais e formadores a lá trabalharem e a
lá deixarem depositados os trabalhos e argumentações teóricas do que fazem. Bem
como bibliografia e textos de apoio que sejam preparados para os alunos ou
formandos.
Desta forma, e
passados não muitos anos, acumulam um espólio formativo (científico ou pedagógico)
substancial sem que os seus promotores se tenham esforçado a tal.
Outros formadores
que por lá passem apenas terão o trabalho de pegarem no que outros fizeram e
colocar em prática, mesmo que o seu próprio conhecimento num campo ou no outro
seja reduzido.
Conheço estes métodos
demasiado de perto. Em escolas de fama nacional, em centros de formação
profissional, em empresas, até em curiosos que tentam ganhar umas lecas com a
curiosidade dos amadores.
Recordo um caso
muito concreto:
Um fulano que possuía
(possui?) uma loja de artigos e serviços fotográficos em Lisboa.
Cheio de “patuá” e
de excelentes relações públicas, tem trabalho publicado e promove mini-cursos
ou workshops de fotografia. Para iniciados, curiosos e toda a família.
Tivemos várias
conversas sobre episódios, equipamentos, técnicas, metodologias e pedagogia. No
interior da loja (que tinha peças interessantes), à porta vendo passar quem
passa e em torno de umas imperiais, ali por perto. Cavaqueiras amenas e sem
compromissos. Chegou mesmo a estar presente numa das minhas acções de formação.
Qual não é o meu
espanto quando, pouco tempo depois, vejo anunciado no seu site conteúdos, métodos
e até referências de autores e fotógrafos que ele mesmo desconhecia e
apresentados como ideias suas.
Tivemos umas
trocas de palavras, o verniz estalou e, até hoje, deixei de saber dele.
Recordo tudo isto
e este episódio porque fui contactado há dias para umas acções de formação numa
empresa. Conheço-a. Bem. E os seus métodos.
Recusei.
Aquilo que sei, e
muito pouco é, saiu-me do pêlo: inúmeras tentativas falhadas, pilhas de livros
lidos, litros de tinta nos cadernos e barris de café consumido enquanto tentava
encontrar soluções para as questões e incertezas. E a alegria de alguns,
poucos, sucessos.
Tenho um gozo
danado em partilhar tudo isso e, a partir daí, aprender com quem vá mais longe,
juntando-lhe as suas próprias conclusões e resultados. Afinal, esse é o meu próprio
percurso.
E é o saber a única
coisa realmente importante (excluindo os afectos) que deixamos de herança aos
vindouros.
Agora tomarem-me
por tolo…
Para essa empresa,
o meu melhor e mais irónico “Obrigado, mas não me apetece ser esfolado!”
A fotografia? Uma
velharia, feita uns dois meses depois de as barbas terem ardido.
By me
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