segunda-feira, 21 de setembro de 2015

O acidente



O embate, na esquina, até que nem foi muito forte. Mas barulhento e aparatoso foi, com vidros a saltarem, air-bags a dispararem e gritos na rua.
Saíram, ele de um, ela do outro, sem mais beliscaduras que as do susto e do amor-próprio, verificaram danos e trataram de encontrar responsáveis. O outro, naturalmente.
Na busca de argumentos, e esgotados os próprios, pergunta-me ele do outro lado da rua:
“Você viu tudo, não foi? Foi ela que não parou e veio meter-se à minha frente, não foi?”
E eu, que tinha mesmo visto tudo, pois aguardava vez e espaço para atravessar a rua, respondi:
“Pois vi! Vi que o senhor vinha a olhar para o telemóvel e que não parou no sinal de Stop.”
Ela ficou com os meus dados de contacto, mas não creio que venham a ser necessários.
A declaração amigável acabou por ser preenchida, dando-se ele como culpado.


Espero nunca ver algo mais que chapa batida e air-bags disparados!

By me

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